
Dois anos depois do lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a maioria dos principais projetos anunciados para o Paraná permanece no terreno das boas ideias. Dos dez empreendimentos de maior impacto e visibilidade anunciados para o estado na primeira versão do PAC, no início de 2007 quatro na área de energia, quatro de infraestrutura logística e dois de habitação e saneamento , seis ainda não tiveram suas obras iniciadas, foram paralisados ou têm grandes obstáculos a superar.
Enquanto as áreas de rodovias e de urbanização se destacam como as mais avançadas (veja matéria nesta página), os planos para ferrovias, hidrelétricas e a ampliação do Aeroporto Afonso Pena aparecem entre os casos mais problemáticos. Com isso, o esperado "efeito multiplicador" desses investimentos e o impulso que poderiam dar à economia estadual ainda não passam de sonhos governamentais.
Na semana passada, o governo anunciou um reforço ao programa. No caso do Paraná, entretanto, quase todos os projetos divulgados já estavam programados ou mesmo em andamento quando o governo "colou" neles o selo do PAC. Embora a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tenha insistido na tese de que o anúncio não era mera "maquiagem", o governo federal chegou a divulgar como "novas obras" projetos que já figuravam em relatórios anteriores do próprio PAC.
Burocracia
Das obras da primeira versão do programa, as que teriam o maior impacto do ponto de vista econômico algumas delas são reinvindicadas há vários anos por empresários do estado seguem amarradas pela burocracia, por deficiências nos estudos ambientais ou por conflitos de interesse entre empresas e diferentes esferas da máquina pública. A honrosa exceção é o megainvestimento da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), de Araucária, que já havia sido anunciado bem antes de o governo inventar o PAC.
"Afonso Pena, variante ferroviária do centro do Paraná, contorno ferroviário de Curitiba. Está tudo em stand by, em compasso de espera. Não houve nenhuma grande evolução desde o início do PAC", diz o consultor de logística da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Mário Stamm, que há anos acompanha a "evolução" desses projetos, que eliminariam alguns dos principais gargalos de escoamento da produção paranaense.