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O dólar fechou em alta pela quarta sessão consecutiva nesta quinta-feira (14), em uma sessão com poucas variações em meio a um impasse entre investidores comprados e vendidos na moeda norte-americana.

O dólar fechou cotado a 1,766 real, em alta de 0,28 por cento. No ano, a alta acumulada é de 1,32 por cento.

Embora o volume no mercado futuro estivesse dentro da média dos últimos dias, com mais de 260 mil contratos por volta das 16h30, o giro no mercado à vista estava bem abaixo da média, com pouco mais de 1 bilhão de dólares, segundo dados parciais da câmara de compensação (clearing) da BM&FBovespa.

As operações no mercado à vista são usadas para o cálculo da Ptax, uma média ponderada pelo Banco Central com todas as transações realizadas no dia. Essa é a taxa de referência do dólar para contratos futuros e vários ativos.

De acordo com o operador de câmbio de um importante banco nacional, que preferiu não ser identificado, o descompasso maior que o comum entre os movimentos no futuro e no mercado à vista indica que muitos agentes não tinham interesse em uma Ptax relativamente alta.

Na véspera, houve movimento semelhante no fim da tarde, quando a preocupação de estrangeiros com o Fundo Soberano fez o dólar subir com força no mercado futuro, mas sem muito volume no mercado à vista. Ao final da jornada, o dólar fechou a 1,761 real, mas a Ptax ficou bem abaixo, a 1,7442 real.

Nesta sessão, os primeiros negócios no mercado de câmbio à vista foram realizados por volta das 10h30, segundo operadores, uma hora e meia após a abertura do mercado futuro.

A ausência de um movimento firme no cenário internacional, com o dólar praticamente estável ante as principais moedas ao longo do dia, favoreceu a predominância dos fatores internos e permitiu um fim de sessão com poucas variações.

Mercado equilibrado

Marcelo Oliveira, operador de câmbio da corretora BGC Liquidez, afirmou pela manhã que bancos mostravam pouco interesse em realizar operações, já que o dólar era cotado no maior nível em três semanas.

As instituições financeiras, embora ainda mantenham cerca de 1 bilhão de dólares em posições compradas no mercado à vista, têm mais de 11 bilhões de dólares em vendas líquidas no mercado futuro e de cupom cambial, o que as deixa expostas negativamente a uma alta da moeda norte-americana.

As posições compradas dos bancos no mercado à vista têm diminuído devido às compras do Banco Central em um ambiente de fluxo negativo. Com isso, ganham mais peso as posições vendidas no mercado futuro, que atuam como contraparte das compras líquidas de outros agentes, principalmente estrangeiros, com atualmente 6,3 bilhões de dólares.

Tony Volpon, estrategista da Nomura Securities International, em Nova Iorque, avalia que "o mercado parece muito bem equilibrado entre vendedores de dólares nos setores financeiro e corporativo e compradores de moeda entre estrangeiros e o governo".

Mas o nível relativamente alto das cotações pode atrair exportadores, mesmo com o início de ano relativamente ruim da balança comercial, dizem profissionais de mercado. Segundo muitos analistas, há um estoque de dólares represado no exterior que poderia ser trazido pelos exportadores.

Além disso, a oferta de moeda também pode ser reforçada por operações no mercado de capitais. BNDES, Votorantim e BicBanco já completaram emissões de bônus, e o mercado aguarda a conclusão das emissões do Banco do Brasil e da Brasil Foods, além de uma série de ofertas de ações, como a da Aliansce, com até 1,14 bilhão de reais.

"Nós esperamos que os ingressos por operações financeiras no curto prazo e o investimento estrangeiro direto no longo prazo continuem a valorizar o real ante o dólar. A lista de IPOs registrados para o primeiro trimestre está crescendo rapidamente para mais de 3 bilhões de dólares", escreveram analistas do banco HSBC, em relatório.

A perspectiva de um aumento do fluxo, aliada à possibilidade de que as compras do BC e do Fundo Soberano deixem os bancos em posições vendidas também no mercado à vista, pode provocar o início de uma tendência de queda do dólar caso o mercado internacional mostre boas condições de liquidez, avaliam profissionais de mercado.

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