A cotação do dólar chegou a R$ 6 pela manhã após o ministro Fernando Haddad (Fazenda) anunciar o pacote de corte de gastos que envolve, entre outras medidas, o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
A moeda abriu o pregão a R$ 5,99, chegou a recuar para R$ 5,96, mas disparou a R$ 6 no final da manhã e passou o restante do período oscilando até a máxima da abertura. Por volta de 12:30, era cotado a R$ 5,99, uma alta de 1,38%.
Já a bolsa de valores de São Paulo -- a B3 -- abriu o pregão em queda de 0,33% com leves variações, na faixa de 127 mil pontos. No entanto, foi despencando ao longo da manhã e chegou a -1,24%, com 126 mil pontos (a mínima até a hora do almoço).
Embora a isenção comece a valer somente a partir de 2026 se o Congresso aprovar ao longo de 2025, o mercado financeiro já está precificando. A redução da tributação de um lado será compensada com um imposto maior do outro, a quem ganha mais de R$ 50 mil. Além destas medidas, há a desconfiança de como o legislativo receberá as propostas de Haddad que, segundo o governo, pretendem economizar até R$ 70 bilhões nos próximos dois anos.
Há o receio de que a proposta seja desidratada ao longo da tramitação. O governo promete se esforçar para fazer as medidas passarem, com Haddad já começando as negociações. Ele já se reuniu com líderes da Câmara dos Deputados na noite de quarta (27) e se encontrará com os do Senado nesta manhã.
Segundo apuração da Bloomberg, a alta de R$ 5,99 no começo do pregão desta quinta (28) superou até mesmo a registrada no meio das negociações em maio de 2020 durante a pandemia da Covid-19, em que se chegou a R$ 5,97. "Caiu 19% neste ano, o pior em mercados emergentes", aponta a análise da agência.
Além do dólar, a cotação do Euro também abriu o dia com uma forte alta de R$ 6,32, operando na casa de R$ 6,27 no restante do começo do pregão.
O pacote de corte de gastos vinha sendo cobrado fortemente pelo mercado financeiro e ficou emperrado especialmente nas últimas três semanas, com intensas negociações entre a Fazenda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros principalmente da área social, que chegaram a ameaçar demissão caso fossem atingidos.
Analistas do mercado financeiro apontam que o impacto das medidas dependerá fortemente da aprovação no Congresso e da firmeza do governo na implementação. Existe o risco de que as propostas sejam desidratadas durante as negociações legislativas, o que poderia gerar mais pressão sobre o mercado financeiro.
Outra avaliação é de que o mercado buscará sinais claros de comprometimento do governo com o ajuste fiscal. Medidas como a proibição de ampliação de benefícios tributários em caso de déficit primário foram vistas como positivas, mas não suficientes para recuperar a credibilidade de forma ampla.
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