O impacto da alta do dólar no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está "tão evidente quanto no mês de agosto, formando um cenário bem semelhante", observa a coordenadora de Índices de Preços do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos. Segundo ela, a pressão é percebida em alguns itens, como carnes, derivados de trigo e eletrodomésticos.
"Já se fala em efeito dólar sobre as carnes, uma vez que a alta do preço estimulou as exportações", diz. Em setembro, as carnes tiveram elevação de 0,88%, e o frango inteiro, de 3,04%. Como a venda para o mercado internacional ficou mais vantajosa, frigoríficos tendem a diminuir a oferta no mercado interno, provocando alta do preço, diz a coordenadora.
Além disso, os derivados de trigo também sentem o impacto da valorização da moeda americana, uma vez que boa parte do trigo utilizado no Brasil é importada. A farinha de trigo teve alta de 2,61% em setembro.
Os eletrodomésticos, por sua vez, refletem no preço o efeito do dólar, com alta de 2,03% em setembro, ante 1,43% em agosto. "Mas pode ter efeito de demanda, também, devido ao programa Minha Casa Melhor. Os R$ 5 mil concedidos em crédito às famílias para a compra de eletrodomésticos geram uma pressão de demanda que propicia o reajuste de preços", explica Eulina.
Apesar de impactos recentes do dólar, a principal alta no ano até setembro é do aluguel residencial, com variação acumulada de 9,51% e impacto de 0,36 ponto porcentual. O IPCA acumulado até setembro é de 3,79%. Já a principal queda é da tarifa de energia elétrica residencial, cuja variação no ano é de -16,78%, com impacto de -0,56 ponto porcentual no indicador.
"É do grupo habitação que vem a contribuição para conter inclusive a taxa em 12 meses, influenciado pela redução na tarifa de energia", ressalta Eulina. O IPCA em 12 meses até setembro ficou em 5,86%, pela primeira vez no ano abaixo de 6%.
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