O dólar caiu ao menor nível desde agosto de 2008 nesta sexta-feira, após fontes do governo afirmarem que não há grandes medidas a serem tomadas em breve para brecar o movimento no câmbio.

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O dólar fechou em baixa de 1,16 por cento, para 1,612 real. É o menor patamar de fechamento desde 21 de agosto de 2008, antes da quebra do banco de investimento Lehman Brothers que marcou o auge da crise financeira global.

Na semana, o dólar acumulou queda de 2,9 por cento.

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Dados da clearing (câmara de compensação) da BM&FBovespa indicam que, até pouco antes do fechamento, havia sido feito o registro de cerca de 3,3 bilhões de dólares em operações.

De acordo com fontes do governo, não há nenhuma grande medida a ser tomada no curtíssimo prazo para brecar a queda do dólar. A mais recente, anunciada na terça-feira, teve impacto nulo: o aumento do imposto sobre a captação de empréstimos no exterior por empresas e bancos no Brasil.

As fontes afirmaram que a preocupação do governo não é somente com o câmbio, mas também com a inflação e com a alta do petróleo no mercado internacional, e um real mais valorizado pode ajudar a esfriar os preços. Apesar da ausência de novas medidas, as mesmas fontes indicaram que o Banco Central manterá a intervenção para limitar ao máximo a queda do dólar.

Nesta sexta-feira, o BC fez três leilões de compra no mercado à vista e um leilão de swap cambial reverso, onde vendeu 24.000 da oferta de 30.000 contratos --mas a queda do dólar acelerou após a maior parte da intervenção.

"No curto prazo, a gente vai testar alguns patamares. A gente vai testar 1,60 (real)", disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

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"Mas o governo não vai deixar (o real) valorizar demais", ponderou, comentando também que a partir do meio do ano a política de estímulo monetário nos Estados Unidos --um dos principais fatores para a queda global do dólar-- deve começar a ser revertida.

Estrangeiros pressionam por real mais forte

Por enquanto, o cenário internacional tem atuado a favor da valorização do real. O anúncio de que os Estados Unidos abriram 216 mil postos de trabalho em março aumentaram o otimismo dos investidores nesta sexta-feira, valorizando ativos de maior risco e dando impulso também ao real.

Jorge Knauer, diretor de tesouraria do Banco Prosper, destacou ainda o crescimento expressivo das posições vendidas na moeda norte-americana como um fator decisivo para a tendência de queda do dólar diante do real.

Quando um investidor carrega posições vendidas, indica que aposta em uma valorização do real. Do dia 17 de março até o final do mês, os investidores estrangeiros, por exemplo, elevaram as posições vendidas de 10,16 bilhões de dólares para 17,46 bilhões de dólares, maior nível do atual ciclo de queda do dólar iniciado após a recuperação da crise global.

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"Quanto maior essa posição, maior o domínio que você tende a ter sobre o mercado. Se você tem uma posição dessa e vende 10 mil contratos (equivalente a 500 milhões de dólares), você nem aumenta muito sua posição, mas faz um estrago grande no mercado", disse Knauer.