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Câmbio

Dólar alto afeta setor de viagens

Porto de Galinhas, em Pernambuco: antes da crise, viajar para a praia nordentina custava o mesmo que ir para o Chile; agora, o destino internacional está 40% mais caro. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Porto de Galinhas, em Pernambuco: antes da crise, viajar para a praia nordentina custava o mesmo que ir para o Chile; agora, o destino internacional está 40% mais caro. (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

A valorização do dólar registrada nas últimas semanas fez com que as agências de turismo revisassem para baixo a estimativa de crescimento para 2008. Antes que a crise financeira atingisse o mercado de câmbio, o setor trabalhava com a perspectiva de crescer 20% no ano. Agora, a previsão é de expansão próxima a 15%, segundo o presidente da seção paranaense da Associação Brasileira de Agentes de Viagem (Abav), Antonio Azevedo.

Quando o dólar disparou, o segmento de viagens internacionais travou. "Os clientes cancelam ou pedem para segurar reservas. Quem ainda pensava em viajar está esperando", diz Azevedo. A moeda americana começou a subir em agosto e, em ritmo mais intenso, nas últimas três semanas. No dia de maior estresse no mercado de câmbio, em 8 de outubro, a cotação bateu em R$ 2,40. Ontem ela era vendida a R$ 2,12, cerca de 30% mais cara do que há dois meses.

"A virada no câmbio estragou um ano que vinha muito bem. Ainda espero que o dólar caia um pouco mais, porque seria muito difícil absorver uma variação tão grande", comenta Azevedo. Segundo ele, o impacto da desvalorização do real só não foi maior porque boa parte das vendas de pacotes para o fim de ano já estava fechada em setembro.

Algumas agências de viagem notam uma migração de clientes de pacotes internacionais para opções dentro do Brasil. "Cinco clientes alteraram a reserva que tinham feito para o Caribe. Eles preferiram um pacote para o Nordeste", conta a gerente do departamento internacional da Star Turismo, Lissandra Bueno. Até mesmo o disputado cruzeiro com o cantor Roberto Carlos, que sai de Santos em fevereiro, teve desistências. "Estava lotado e nesta semana algumas pessoas na lista de espera conseguiram uma cabine", diz Cirlene Schultz, sócia da Schultz Turismo.

Destinos populares, como Miami, Nova Iorque, Cancún e Chile tendem a perder espaço para Porto de Galinhas, Costa do Sauípe e Salvador. Um pacote de uma semana para o Chile que antes da crise custava menos de R$ 2,5 mil, está cerca de R$ 700 mais caro. "É uma diferença que leva muita gente a refazer as contas. Por menos de R$ 2 mil é possível ir para Porto de Galinhas", compara Cirlene.

Em outro exemplo, um casal que quisesse passar uma semana em Cuba gastaria R$ 8,5 mil. Agora o preço está perto de R$ 11 mil. "Dois clientes meus trocaram esse destino pela Costa do Sauípe, que custa R$ 6 mil", diz Lissandra, da Star Turismo. Como as passagens aéreas são vendidas em dólares, mesmo países que não usam a moeda americana perdem visitantes brasileiros. Pacotes de 3 noites para a Argentina, por exemplo, ficaram em média R$ 200 mais caros. "Agora existe um outro lado. O Brasil tem a chance de atrais mais turistas", destaca Azevedo, da Abav. Bom para hotéis e resorts que vinham penando com o real valorizado.

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