| Foto:

A alta do dólar reduziu, pelo terceiro mês consecutivo, os gastos dos brasileiros no exterior. Segundo o Banco Central, essas despesas somaram US$ 1,720 bilhão em outubro, contra US$ 1,776,4 bilhão em setembro e US$ 1,902 bilhão em agosto (veja quadro nesta página). "O impacto da crise é observado em viagens internacionais, pois as pessoas físicas sentem o efeito da alta do dólar e reduzem seus gastos no exterior", disse Fernando Rocha, chefe adjunto do Departamento Eco­­nômico do BC.

CARREGANDO :)

Rocha lembrou que os efeitos das turbulências no mercado internacional podem aparecer não apenas nas viagens ao exterior, mas também na balança comercial e nas receitas que são enviadas para o país por brasileiros que moram em outros países para financiar suas famílias. De acordo com o relatório do Banco Central, a balança comercial registrou superávit de US$ 2,4 bilhões em outubro. Embora represente um crescimento em relação ao saldo registrado no mesmo mês em 2010 (US$ 1,846 bilhão), o número mostra uma desaceleração no dinamismo do comércio exterior brasileiro. Em agosto, por exemplo, o superávit da balança havia sido de US$ 3,8 bilhões e, em setembro, de US$ 3 bilhões. "Isso revela o impacto da menor demanda do mercado internacional", disse Rocha.

Nas remessas feitas por brasileiros fora do país, o relatório do Banco Central destaca que também houve desaceleração. Essas receitas eram de US$ 114,4 mi­­lhões em setembro e caíram para US$ 86 milhões em outubro de 2011. Em outubro do ano passado, o montante havia sido de US$ 87 milhões. "Isso mostra que aumentaram as dificuldades nos mercados de trabalho dos países para onde brasileiros migraram" disse o técnico do BC.

Publicidade

Investimento

Visto como um dos poucos mercados com perspectiva de expansão num momento de crise internacional, o Brasil registrou novo recorde histórico em ingressos de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED). Os dados dos BC mostram que o IED atingiu US$ 56 bilhões no acumulado do ano até outubro, resultado bem superior ao registrado no mesmo período no ano passado, quando esses recursos chegaram a US$ 29,3 bilhões. O montante supera o total registrado em 2010 (US$ 48,4 bilhões), que também era recorde para o ano. A expectativa da autoridade monetária é de que o IED feche 2011 em US$ 60 bilhões.

Graças ao interesse dos aplicadores estrangeiros pelo mercado brasileiro, o país conseguiu financiar integralmente seu déficit em transações correntes, que ficou em US$ 3,1 bilhões em outubro. No acumulado de 12 meses, esse resultado está negativo em US$ 47,3 bilhões, representando 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Em outubro de 2010, o déficit em transações correntes havia sido de US$ 3,77 bilhões. Ele encerrou o ano passado em US$ 47,4 bilhões. Rocha destacou que o país vem conseguindo reduzir lentamente o saldo negativo das contas externas. "O déficit em transações correntes continuou sua trajetória de queda em outubro e isso deve se manter até o fim do ano", afirmou.