O dólar fechou com alta de 2,5% e bateu em R$ 3,30 pela primeira vez em quase 12 anos nesta quinta-feira (19), acompanhando a recuperação da moeda norte-americana no exterior após o recuo da sessão passada e refletindo as renovadas preocupações com a crise local na base governista.
A moeda dos EUA avançou 2,56%, a R$ 3,2965 na venda, maior nível de fechamento desde 1º de maio de 2003, quando fechou a R$ 3,315 na venda. A divisa havia fechado em queda na véspera pelo terceiro dia seguido reagindo ao tom de cautela adotado pelo Federal Reserve em seu comunicado de política monetária.
Segundo dados da BM&FBovespa, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,3 bilhão.
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Na máxima da sessão, maior nível intradia também desde 1º de maio de 2003, o dólar atingiu R$ 3,3084, após a presidente Dilma Rousseff negar que realizará uma reforma ministerial. Segundo o operador de câmbio de um importante banco nacional, a declaração frustrou a expectativa de que mudanças no Executivo poderiam atenuar a rebeldia no Congresso.
Bovespa fecha em queda de 1% após 3 altas seguidas
A Bovespa fechou em queda nesta quinta-feira (19) pela primeira vez na semana, em meio a um movimento de realização de lucros guiado por ações de bancos e da Petrobras, com o tombo da Kroton reforçando o viés de baixa, após a empresa de educação divulgar projeções menos otimistas para o ano.
O Ibovespa caiu 1,16%, a 50.928 pontos, interrompendo uma sequência de três altas seguidas, em que acumulou elevação de 6%. O volume financeiro da sessão somava R$ 5,6 bilhões.
O ajuste de baixa só não foi maior em razão do efeito positivo da alta do dólar, que alcançou R$ 3,30 pela primeira vez em quase 12 anos nesta sessão, nos papéis de exportadoras, como JBS e Embraer, e de empresas de papel e celulose.
Os atritos entre o governo e seus aliados no Congresso podem dificultar ainda mais o ajuste fiscal. Na quarta-feira (18), Cid Gomes pediu demissão do cargo de ministro da Educação depois de uma sessão tumultuada na Câmara dos Deputados, para evitar que a já complicada relação do governo com a base aliada se tornasse ainda pior.
“O custo político de fazer o ajuste (fiscal) está cada vez mais alto e o mercado não gosta disso”, disse o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Além disso, o euro caiu mais de 2% contra o dólar nesta tarde, após mostrar na véspera o maior avanço desde março de 2009. O movimento da sessão passada aconteceu após o Fed reduzir suas projeções de crescimento, inflação e juros, alimentando apostas de que os juros norte-americanos continuarão quase zerados até o segundo semestre.
“O rali de moedas emergentes após a conclusão da reunião do Fed de ontem se provou pouco duradouro”, escreveram analistas da Capital Economics em nota a clientes.
Swap cambial
Outro fator de incerteza no mercado doméstico é a dúvida sobre o futuro do programa de atuações diárias do Banco Central, marcado para durar até o fim deste mês. Muitos operadores acreditam que o governo vem sinalizado que deixará de ofertar swaps cambiais diariamente, apesar da volatilidade recente.
“Parece que as autoridades estão prontas para permitir que o programa termine, já que o plano anti-inflação agora depende mais da política de juros e de melhorar o resultado primário”, escreveram estrategistas do Bank of America Merrill Lynch em relatório.
“O BC ainda administraria um estoque de US$ 115 bilhões em swaps cambiais calibrando as rolagens de acordo com as condições no mercado. Nosso cenário-base é que o BC rolará 100% dos swaps a vencer por ora”, acrescentaram.
O BofAML acrescentou que o mercado brasileiro de câmbio deve ser guiado principalmente por fatores domésticos. Segundo as contas do banco, o real está entre as moedas latino-americanas que têm se mostrado menos sensíveis aos mercados internacionais.
Nesta manhã, o BC brasileiro deu continuidade às rações diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a US$ 97,4 milhões. Foram vendidos 250 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.750 para 1º de março de 2016.
A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, rolou cerca de metade do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.
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