O dólar caía cerca de 3% ante o real nesta segunda-feira, chegando ao patamar de R$ 2,38 na mínima do dia, após o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, garantir uma vaga no segundo turno das eleições com surpreendente arrancada final, aproximando-se da atual presidente Dilma Rousseff (PT) como nunca na campanha.
Operadores diziam, no entanto, que esse movimento não deve se sustentar nas próximas semanas, uma vez que a disputa no segundo turno deve ser acirrada e manter o mercado volátil.
Às 9h54, a moeda norte-americana recuava 2,92%, a R$ 2,3900 reais na venda, após alcançar R$ 2,3782 na mínima da sessão, com queda de 3,40%. O contrato futuro do dólar para novembro caía 2,70%, a R$ 2,4100.
"O mercado está eufórico com a possibilidade de um segundo turno mais disputado", disse o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.
Aécio ficou com 33,6% dos votos válidos, o equivalente a 34,9 milhões, enquanto Dilma marcou 41,6%, ou quase 43,3 milhões de votos. O desempenho do tucano veio bem acima do indicado nas pesquisas de intenção de voto, surpreendendo investidores.
Dilma é alvo de fortes críticas no mercado financeiro, que prefere a política econômica mais ortodoxa prometida por Aécio.
Analistas acreditam que o mercado deverá continuar volátil até o segundo turno, no próximo dia 26, operando com base no noticiário político e nas pesquisas. Mas a médio prazo, preveem pressão de alta do dólar devido à perspectiva de juros mais elevados nos Estados Unidos.
"O dólar deve ter um movimento instantâneo de queda", afirmou o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi. "A queda não deve levar a moeda ao patamar inferior a 2,30 reais, nem o PSDB quer isso", acrescentou.
Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, como parte das atuações diárias. Foram vendidos 2 mil contratos para 1º de junho e 2 mil para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a 197,7 milhões de dólares.
O BC também fará nesta sessão mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em 3 de novembro, que equivalem a 8,84 bilhões de dólares, com oferta de até 8 mil contratos. Até agora, a autoridade monetária já rolou cerca de 13 por cento do lote total.
Bolsa
O principal índice da Bovespa chegou a subir 8% na manhã desta segunda-feira, refletindo a animação no mercado financeiro com o desempenho de Aécio no primeiro turno da eleição presidencial no domingo.
O Ibovespa desacelerou a alta, mas ainda tinha valorização expressiva. Às 11h33, o índice avançava 5,09%, para 57.316 pontos, tendo alcançado os 58.897 pontos na máxima até esse horário.
O volume financeiro no pregão somava R$ 5,2 bilhão.
O contrato futuro do Ibovespa para outubro registrava forte alta nos primeiros negócios, sinalizando uma abertura bastante positiva para a bolsa paulista nesta segunda-feira, após desempenho do candidato do PSDB à Presidência.
Às 9h10, o contrato do Ibovespa para outubro, que expira no próximo dia 15, avançava 9,53%, a 60.000 pontos.
Estatais
Ações de estatais que têm reagido fortemente ao cenário eleitoral lideravam os ganhos do Ibovespa nesta sessão.
As preferenciais da Petrobras, por exemplo, avançavam 10,2%, após terem disparado mais de 17% em seu melhor momento. Os papéis ordinários da petroleira ganhavam 8,9%.
Também nesta segunda-feira o UBS revisou a recomendação da ação da Petrobras para "compra", ante "neutra", com o preço-alvo da ordinária elevado para R$ 21,50, ante R$ 20.
Papéis do setor financeiro e imobiliário também se destacavam na ponta positiva do Ibovespa. Segundo operadores, o movimento de alta era ampliado por cobertura de posições vendidas daqueles que apostavam em um cenário mais tranquilo para Dilma na corrida presidencial.
Analistas ponderam, contudo, que ainda é incerto o desfecho da disputa pelo Palácio do Planalto. Assim, a expectativa é que a alta volatilidade na bolsa brasileira continue pelo menos até o próximo dia 26, quando acontece a votação final.
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