O dólar caiu à mínima em dois meses ante o real nesta quarta-feira (2), a poucas horas do anúncio do esperado aumento na taxa básica de juros, com o mercado monitorando ainda a fraqueza da moeda no exterior.
A divisa norte-americana fechou em baixa de 0,24 por cento, a 1,660 real na venda, na mínima desde 3 de janeiro, quando encerrou a 1,651 real.
"Hoje o principal fator que influenciou o mercado de câmbio foi a expectativa pela decisão sobre a Selic à noite", comentou José Roberto Carreira, gerente de câmbio da Fair Corretora. "Se o juro realmente for elevado como espera o mercado, isso fatalmente vai tornar as aplicações aqui mais rentáveis, estimulando ainda mais a arbitragem", acrescentou.
Segundo pesquisa Reuters, a expectativa majoritária dos analistas consultados indica que a Selic será elevada em 0,5 ponto percentual, a 11,75 por cento. Mas há apostas num acréscimo maior, de 0,75 ponto, após um período de piora nas estimativas inflacionárias trazidas pelo relatório Focus.
O Comitê de Política Monetária (Copom) deverá divulgar a nova Selic após o fechamento dos mercados.
Para Guilherme Monaco, operador de câmbio da Hencorp Commcor Corretora, a queda do dólar seguiu limitada pelas compras diárias de moeda estrangeira pelo Banco Central.
"O pessoal fica com receio de derrubar ainda mais (o dólar) porque teme que o governo possa anunciar alguma medida, alguma taxação", disse.
Nesta sessão, a autoridade monetária realizou dois leilões de aquisição de dólares no mercado a termo --definindo como corte as taxas de 1,6720 real e 1,6670 real, respectivamente. O BC também comprou dólares via segmento à vista, com taxa de corte de 1,6603 real.
"Temos que lembrar que os bancos estão bastante vendidos em dólar (no mercado à vista) e é interessante para eles que o dólar caia", afirmou Monaco.
De acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Banco Central, as instituições bancárias sustentavam 13,29 bilhões de dólares em exposição vendida em dólar no dia 21 de fevereiro - ou seja, apostando na queda da moeda.
No segmento futuro, as posições vendidas são detidas pelos investidores estrangeiros. Segundo os últimos números da BM&FBovespa, os não-residentes mantinham na véspera 13,268 bilhões de dólares nessa exposição.
A fraqueza do dólar ante o real refletiu também a performance da moeda no exterior. Contra uma cesta de divisas, o dólar recuava 0,4 por cento no final da tarde, atingindo o menor nível desde o início de novembro. Parte desse movimento refletia a alta do euro e do franco suíço.
A moeda única europeia se aproximava da máxima em quatro meses ante o dólar, beneficiada por perspectivas de aumento de juro na Europa antes que nos Estados Unidos. Já o franco suíço subia a um nível recorde ante a divisa norte-americana, em meio à busca por segurança diante da turbulência política no mundo árabe.