O dólar fechou abaixo de 1,70 real pela primeira vez em quatro meses nesta terça-feira (28), mesmo após o Banco Central ter atuado novamente no mercado comprando moeda. As operações domésticas acompanharam a fraqueza da moeda no cenário externo, após dados mais fortes que o esperado sobre a confiança do consumidor dos Estados Unidos. A taxa de câmbio caiu 0,39%, para 1,6988 real na venda, menor patamar desde 28 de outubro do ano passado, quando encerrou a 1,6844 real. "Enquanto o cenário lá for estiver favorável ao risco, o dólar vai cair aqui", comentou o operador de câmbio de uma corretora paulista, pedindo anonimato. O profissional referiu-se a números mostrando que a confiança do consumidor norte-americano subiu em fevereiro para uma máxima em um ano, a 70,8, com o otimismo em relação ao mercado de trabalho ofuscando preocupações com a alta nos preços da gasolina, de acordo com pesquisa do Conference Board. Economistas consultados pela Reuters esperavam que o índice subisse a 63,0. O dado reforçou visões de que a maior economia do mundo está resistindo aos efeitos negativos da crise de dívida na zona do euro, o que alivia preocupações com a performance da economia global. O maior apetite por risco derrubava o dólar ante uma cesta de divisas, enquanto o euro subia, também amparada por expectativas positivas de que o Banco Central Europeu (BCE) injete cerca de meio trilhão de euros no sistema financeiro na quarta-feira. "A liquidez lá fora está grande, e isso explica a queda do dólar aqui e as atuações do BC", disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora de Câmbio, Reginaldo Galhardo. Em seu quinto dia seguido de atuação, o BC comprou novamente dólares no mercado à vista nesta sessão, com taxa de corte de 1,7029 real. "O BC quer mostrar ao mercado que está presente e vai continuar atuando enquanto julgar prudente", acrescentou, lembrando que o Brasil tem recebido grandes volumes de dólares do exterior. Em coletiva para comentar o resultado primário do governo central referente ao mês de janeiro, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse nesta terça-feira que existe a possibilidade de o Fundo Soberano do Brasil ser usado no mercado de câmbio para evitar mais valorizações do real frente ao dólar. Segundo ele, o Fundo está totalmente pronto para ser usado no mercado, mas até o momento não trabalhava com essa hipótese e que a política de compra de dólares continuava a cargo do BC. Desde quando retomou as intervenções, no início do mês, o BC tem adquirido dólares também nos mercados futuro e a termo. O BC divulgará na quarta-feira os números atualizados sobre o fluxo cambial do mês até a última sexta-feira, bem como as aquisições de moeda no período. Nas três primeiras semanas de fevereiro, o saldo cambial foi positivo em 6,520 bilhões de dólares.
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