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O dólar rompeu na abertura desta quarta-feira o piso de 2,00 reais pela primeira vez desde outubro, refletindo a percepção de melhora do cenário econômico global.

A proximidade do fim do mês também pesava sobre o mercado de câmbio, segundo operadores. Nessa época, aumentam as disputas pela definição da Ptax (taxa média ponderada do dólar).

Às 11h30, a moeda norte-americana era cotada a 2,013 reais, em queda de 0,40 por cento, após ter iniciado o dia a 1,999 real - menor nível alcançado durante os negócios desde 3 de outubro.

"A queda (abaixo de 2,00 reais) já era esperada, até pelo que a gente vinha vendo acontecer nos últimos dias no mercado de câmbio", avaliou Mario Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.

Desde o início de março, quando a moeda norte-americana atingiu as máximas do ano ao redor de 2,4 reais, o dólar já caiu quase 18 por cento. Apenas em maio, a divisa acumula baixa superior a 7,5 por cento.

A tendência de queda do dólar no mercado doméstico era fortalecida pela percepção global de que o pior da crise ficou para trás.

"Já esperávamos uma apreciação do real tão logo as coisas se clareassem lá fora. Esperávamos que, passado o momento de apocalipse, os investidores voltariam os olhos para países com boas condições, como é o caso do Brasil", comentou Jankiel Santos, economista-chefe do BES investimento.

Na véspera, o Banco Central divulgou que o fluxo de recursos externos para o país está positivo em 3,086 bilhões de dólares em maio até o dia 22. Caso o mês já estivesse fechado, esta seria a maior entrada de recursos desde abril de 2008.

No front externo, as bolsas de valores globais reduziam o fôlego depois de uma terça-feira animada pela melhora da confiança do consumidor norte-americano. Os mercados de Wall Street operavam sem tendência definida, após ganhos de mais de 2 por cento na véspera. Na Europa, a alta era moderada.

O principal índice da Bovespa, por sua vez, subia pela quarta sessão consecutiva. Desde o início do ano, o Ibovespa acumula valorização de quase 40 por cento.

Fim de mês

A dois dias da última sessão do mês, operadores lembraram que o mercado de câmbio também começa a ser influenciado pela briga dos investidores pela definição da última Ptax de maio.

Como essa Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros e outros derivativos, é comum investidores operarem nessa época buscando cotações mais atrativas, de acordo com seus interesses.

Na próxima segunda-feira expiram os contratos do primeiro leilão de swap cambial reverso realizado pelo Banco Central desde o fim de setembro. O volume de contratos leiloados, em operação que equivale a uma compra futura de dólares do mercado, foi de 3,4 bilhões de dólares.

Outro fator que pesava sobre a disputa dos investidores, segundo o operador de câmbio de uma corretora nacional que preferiu não ser identificado, era o comunicado divulgado pelo BC na terça-feira alterando regras de divulgação do volume negociado no mercado à vista.

A autoridade monetária informou que não vai mais divulgar ao longo do dia os volumes parciais negociados no mercado interbancário de câmbio, apresentado apenas os números totais no fim do dia, após a divulgação da Ptax diária.

Para o operador, os investidores terão que operar "mais no escuro".

No mesmo comunicado, o BC divulgou que já comprou no mercado à vista de câmbio 2,408 bilhões de dólares neste mês (até dia 22). A autoridade monetária voltou a comprar dólares diariamente no mercado no início deste mês, quando a moeda norte-americana já vinha apresentando forte baixa frente ao real.

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