O dólar segue em trajetória de queda global nesta quarta-feira (8). Além das expectativas de manutenção dos juros nos EUA neste mês, dados da balança comercial da China em maio, que mostraram importações acima das projeções, impulsionam o petróleo e outras commodities. Desta forma, moedas de países emergentes se valorizam, como o real.
Após chegar à cotação mínima de R$ 3,374 nesta sessão, o dólar opera abaixo dos R$ 3,40, no menor nível em mais de dez meses. O Ibovespa avança acima de 1,6%, com destaque para a alta de mais de 5% das ações da Petrobras.
A queda da moeda americana ante o real também é favorecida pela leitura do mercado que, por enquanto, o Banco Central não deve realizar mais leilões de swap cambial reverso.
Essa operação equivale à compra futura da moeda americana pela autoridade monetária. Essa interpretação foi reforçada com declarações do novo presidente do BC, Ilan Goldfajn, de que o câmbio é flutuante. A indicação de Ilan para chefiar o BC foi aprovada terça-feira (7) pelo Senado.
A moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, perdia há pouco 1,60%, a R$ 3,393, enquanto o dólar comercial, usado em contratos de comércio exterior, recuava 1,62%, a R$ 3,395.
“As cotações caem sem sinal de atuação do BC. A sensação é de que a estratégia de conter o dólar com redução do estoque de swap cambial deve ficar para decisão da próxima diretoria”, comentam analistas da Lerosa Investimentos, em relatório. “Sem essa defesa, mesmo com cenário político se deteriorando, o movimento do câmbio tende a ser volátil nos próximos dias.”
O BC vinha reduzindo desde março sua posição vendida em dólar (de swap cambial) por meio de leilões de swap cambial reverso. O último leilão deste tipo no último dia 18 de maio.
Juros
Em dia de definição do novo patamar da taxa básica de juros (Selic) pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, os juros futuros recuam.
O contrato de DI para janeiro de 2017 caía de 13,600% para 13,585% há pouco. O contrato de DI para janeiro de 2021 caía de 12,390% para 12,320%.
Analistas esperam uma redução na Selic somente no segundo trimestre, uma vez que a inflação voltou a dar sinais de aceleração. O IPCA, índice oficial do país, foi de 0,78% em maio, acima da taxa registrada em abril (0,61%), segundo o IBGE. Foi o índice mais alto para o mês desde 2008, quando havia subido 0,79%. Em maio do ano passado, o índice havia sido de 0,74%.
Bolsa
O Ibovespa avançava há pouco 1,66%, aos 51.323 pontos. Segundo analistas, o cenário externo positivo, com avanço das commodities, se sobrepõe ao interno. Prevalece a cautela de investidores em relação à implementação das medidas para restaurar a economia do país, em meio à turbulência política.
As ações da Petrobras subiam 5,80%, a R$ 9,12 (PN) e 5,30%, a R$ 11,72 (ON). Em Londres, o petróleo Brent era negociado em alta de 1,67%, a US$ 52,30, no maior nível desde de outubro do ano passado.
Os papéis da Vale ganhavam 1,84% , a R$ 13,23 (PNA) e 3,13%, a R$ 17,09 (ON).
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN ganhava 1,76%; Bradesco PN, +1,81%; Banco do Brasil ON, +2,48%; Santander unit, +2,94%; e BM&FBovespa ON, +2,89%.
Exterior
Além dos dados da balança comercial, o bom humor do mercado foi reforçado com relatório da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgado nesta quarta-feira. Conforme o documento, estão surgindo sinais de que as economias dos Estados Unidos e da China, as duas maiores do mundo, podem estar se estabilizando.
A OCDE também se mostrou positiva para Brasil e Rússia. “Entre as principais economias emergentes, os índices para Brasil e Rússia confirmam os sinais de mudança positiva no ímpeto de crescimento sinalizado na avaliação do mês passado”, informou a organização.
Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 ganhava 0,20%; o Dow Jones, +0,27%; e o Nasdaq, +0,09%.
As Bolsas europeias operavam em baixa, pressionadas por papéis do setor financeiro. Na China, os índices recuaram, com baixa liquidez por causa do feriado local nesta quinta e sexta-feira. No Japão, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio ganhou 0,93%.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast