O dólar caiu nesta sexta-feira após cinco dias de disparada, voltando a valer menos de 1,85 real em um dia de recuperação de outras moedas emergentes e de expectativa por novas intervenções do governo para deter a valorização da moeda norte-americana.
A moeda norte-americana fechou em queda de 3,24 %, a 1,8385 para venda. Foi apenas a segunda baixa do dólar em setembro, mês em que a moeda já subiu 15%.
Outras moedas emergentes também tiveram alívio após vários dias de perdas por causa da preocupação com a crise da dívida na Europa e com o espectro de uma recessão global. O peso mexicano, por exemplo, avançou 2,67 %.
O movimento, no entanto, pode ter sido apenas um ajuste de curto prazo antes de mais turbulência no começo da próxima semana, alerta o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, para quem as discussões neste fim de semana em Washington entre as principais autoridades financeiras mundiais não devem trazer soluções para a crise europeia, onde é cada vez maior o medo de um calote da dívida grega.
"Eu duvido que alguém tenha feito a lição de casa", disse.
A possibilidade de que o dólar volte a subir na próxima semana deve bater de frente com a disposição do governo brasileiro em evitar uma disparada da moeda e uma consequente piora do cenário para a inflação.
Operadores têm recebido mais sinais de que o governo estuda retirar o imposto de 1 % sobre a formação de posições vendidas líquidas em derivativos de câmbio. A medida foi tomada quando o dólar caía perto das mínimas desde 1999, e é apontada como um dos combustíveis para a rápida virada no câmbio.
Nos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não descartou essa ideia, dizendo que o governo "sempre olha todas as possibilidades".
Na véspera, uma fonte da equipe econômica já havia dito à Reuters que o governo poderia "retirar" medidas como parte dos esforços para deter a valorização do dólar.
Entrada de US$ 10 bilhões no mêsTambém existe a possibilidade de novos leilões de swap cambial tradicional, como o feito na quinta-feira pelo BC. A operação funciona como uma venda de dólares no mercado futuro, onde tem se concentrado, na opinião de investidores e também do governo, a pressão pela alta da moeda norte-americana.
No mercado à vista, a oferta de dólares ainda é consistente. Dados do Banco Central (BC) divulgados nesta sexta-feira registram a entrada líquida de 10,041 bilhões de dólares neste mês até o dia 21.
É por causa do fluxo positivo, oriundo principalmente do investimento estrangeiro direto no Brasil, que o economista da Gradual acredita em uma volta da tendência de queda do dólar no futuro, assim que a turbulência externa passar.
"Levando em conta o diferencial de taxa de juro, o risco menor no Brasil, a relação dívida/PIB que deve continuar caindo e também o crescimento do país, o estrangeiro quer ficar comprado em Brasil", disse o economista.
A taxa Ptax, calculada pelo BC e usada como referência para os ajustes de contratos futuros e outros derivativos de câmbio, fechou a 1,8735 real para venda, em baixa de 1,48 % ante quinta-feira.
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