Apesar de a cotação oficial estar em queda no dia, o dólar já custa R$ 2, ou até mais, para o consumidor paulistano. O G1 visitou cinco casas de câmbio no centro da capital paulista nesta sexta-feira (19) e encontrou cotações que variam de R$ 1,91 a R$ 2,02 para quem deseja comprar a moeda. Porém, em quatro delas, a divisa já havia superado os R$ 2 na manhã desta sexta.
Na quinta-feira (18), a alta do dólar foi tanta - a cotação chegou a R$ 1,96 no meio do dia - que o Banco Central brasileiro anunciou medida para controlar a moeda, fazendo uma espécie de empréstimo ao mercado para baixar a cotação. Nesta sexta, a moeda americana já opera em queda.
A valorização do dólar atrapalha os planos de quem já tinha organizado o orçamento para viagens e transações internacionais levando em conta cotações mais baratas. O vendedor de confecções Eddy Condory, 28 anos, desistiu de visitar a família na Bolívia quando percebeu que teria de gastar uma média de R$ 300 a mais só com a passagem aérea.
"Eu ia passar uma semana lá, mas só na semana passada percebi que a cotação havia subido muito. Era para eu ter ido ontem, mas não vou mais", diz Condory, que fez nova pesquisa de preços nesta sexta antes de confirmar a decisão. "Vou esperar baixar, pelo menos a R$ 1,80, R$ 1,70. Além da passagem eu costumo comprar dólares para levar para a Bolívia e trocar lá", diz.
Para amenizar o impacto da alta nos custos, a recomendação para a hora da compra é pechinchar: segundo operadores, o preço praticado por algumas agências já contabiliza um "espaço" para um eventual desconto negociado pelo consumidor.
Queda no movimento
A coordenadora de câmbio da Cattoni Tur-Passagens Turismo e Câmbio, Íris Sena da Silva, diz que sentiu uma queda no movimento da agência no último mês. "Fazia pelo menos uns dez meses que o movimento não ficava tão fraco assim", diz. "Quem viaja sempre mantém o ritmo, agora para quem estava começando a fazer viagens internacionais agora, o câmbio faz toda a diferença na hora de optar entre o Nordeste e Buenos Aires", diz.
Segundo ela, o aumento recente dos preços tornou mais escassa a oferta da moeda no mercado. "Quem tinha já vendeu, então agora estamos com falta de papel circulando", diz.
As gêmeas Laura e Catarina Petinelli, 76 anos, precisaram comprar dólares para enviar dinheiro para uma familiar que mora na Rússia e não gostaram na alta nos preços. "Ficou ruim porque, com o mesmo tanto de real, pudemos mandar menos dólares para ela", disse Laura.
Fazendo dinheiro
Se a escalada do dólar desagrada compradores, é positiva para quem possui alguma reserva acumulada. O aposentado Lázaro Camilo Rosa, 80 anos, aproveitou a valorização da cotação para vender alguns dólares enviados há tempos por sua filha, que mora nos EUA. "Estava guardando, mas, agora melhorou bem (a cotação) e eu aproveitei para ganhar com a diferença", diz.
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