São Paulo O dólar chegou ontem à menor cotação desde novembro de 2000. A moeda norte-americana fechou o dia a R$ 1,925 uma queda de 0,87%. Durante o dia, o Banco Central entrou no mercado com o habitual leilão de compra de moeda, tentando adquirir divisas acima do preço do momento e tentando frear a baixa das cotações.
Ontem foi dia da tradicional "disputa" pela Ptax, a taxa média de câmbio (calculada pelo BC) que serve como referência para liquidação de contratos futuros de dólar na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).
Investidores aplicados nesses contratos costumam entrar no mercado à vista para influenciar a formação da Ptax conforme interesse a alta ou a baixa das cotações para seus próprios ganhos. Como esperado por corretores, os chamados "vendidos" (que lucram com a baixa da cotação) ganharam com folga.
"Ninguém quer ficar com dólar. Praticamente, o único comprador é o BC, que está freando a queda da taxa para não chegar a R$ 1,80", diz Reginaldo Galhardo, da corretora Treviso. "Sem o BC, o dólar chegaria a esse valor em um mês ou um mês e meio." Segundo o analista, o ingresso de divisas continua forte, o que torna difícil para a autoridade monetária segurar a baixa da cotação. "Ele vai continuar atuando dessa forma [com leilões diários], até achar uma outra estratégia."
Caso não haja mudanças na política monetária, a previsão do diretor presidente da RC Consultores, Paulo Rabello de Castro, é que a moeda chegue a R$ 1,80 em dezembro. A projeção leva em consideração que não haverá mudanças bruscas no cenário externo (que possam afetar o risco-país), nem aumento no volume de reservas cambiais. Para a RC, o cenário mais "desejável" é que o dólar chegue, no fim do ano, cotado a R$ 2,07. "Se o governo tivesse uma postura mais agressiva, com uma redução de juros [taxa Selic] mais acentuada, para 6,5% ao ano, se poderia chegar a uma cotação mais desejável", diz Fabio Silveira, sócio-diretor da consultoria.
Bolsa
O dia também foi de queda na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que fechou em baixa de 0,49%, aos 52.268 pontos. O mercado seguiu a dinâmica de negócios dos pregões americanos e realizou lucros, em um dia com forte volume financeiro: R$ 4,19 bilhões. No mês, a Bolsa acumulou ganhos de 6,76%.
Os mercados praticamente deixaram para trás o susto com a Bolsa chinesa e abriram os negócios no último dia do mês em território positivo. A divulgação da estimativa de crescimento do PIB americano, abaixo das expectativas de bancos e corretoras, não derrubou os negócios. Ainda pela manhã, o Ibovespa chegou a se aproximar de nova marca histórica (53 mil), batendo os 52.877 pontos. Nas últimas horas do pregão, no entanto, os investidores optaram por embolsar os ganhos do mês e liquidaram papéis.
"O mercado tem feito uma realização de lucros bem sistemática. A marca dos 53 mil pontos pode ter assustado um pouco, mas acredito que a Bolsa ainda tem fôlego para mais", afirma o operador da corretora Elite, Fábio Marques. "O mercado está bem firme, com um volume diário de R$ 3,5 bilhões, R$ 4 bilhões. E o dólar, por enquanto, não derrubou o resultado das empresas como alguns esperavam."