A incerteza de investidores sobre uma atuação mais agressiva do governo evitou a queda do dólar frente ao real nesta quarta-feira, contrariando a tendência do mercado global.
A moeda norte-americana teve alta de 0,17%, a R$ 1,721. No exterior, enquanto o mercado local fechava, o dólar caía 0,8% ante uma cesta com as principais moedas e o euro avançava 1%.
O dólar chegou a cair perto de R$ 1,700 com a reação do mercado à promessa do Federal Reserve de oferecer mais estímulos à economia dos Estados Unidos, caso necessário, para combater uma possível deflação .
Mas comentários do ministro da Fazenda, Guido Mantega, levaram ansiedade ao mercado. Ele disse que, para que o Fundo Soberano comece a atuar em conjunto com o Banco Central, "basta a Secretaria do Tesouro determinar que compre dólares".
O ministro esclareceu ainda que o operador das compras do Fundo será o BC e completou que, em matéria de câmbio, é preciso atuar "sempre com muita prudência."
O governo tem sido o responsável, "sem dúvida", para que o dólar se mantenha acima de R$ 1,70, disse João Medeiros, diretor de câmbio da corretora Pioneer.
"(O BC) vem tirando quase 1 bilhão (de dólares) por dia, todo dia, e o Fundo Soberano compraria o excesso... O câmbio vai continuar se arrastando."
Outros analistas salientam que a taxa tem se mantido acima de R$ 1,70 mesmo sem o governo concretizar as ameaças de atuação mais firme, como por meio de um leilão de swap reverso ou com o próprio Fundo Soberano, que ainda não atuou.
De acordo com Medeiros, é preciso agora ficar atento à definição do preço das ações da Petrobras na oferta pública, prevista para quinta-feira, para se ter uma ideia de quantos dólares ainda podem vir ao país por conta da operação.
De acordo com dados do Banco Central, já entraram no país US$ 11,135 bilhões em setembro, cifra mais de três vezes superior ao ingresso líquido acumulado no restante do ano . Do total do mês, os leilões de compra do BC absorveram US$ 5,874 bilhões, com duas operações por sessão desde o dia 8.
"Nunca antes neste país houve uma emissão acionária da magnitude ocorrida este mês (com a Petrobras), porém isso não muda o fato de que o governo central demonstrou estar disposto a acelerar muito as intervenções", afirmou Darwin Dib, economista do Itaú Unibanco, em relatório.