O dólar despencou quase 2% nesta segunda-feira (10), a maior queda em um mês e que o levou abaixo de R$ 3,50 novamente, após a maior intervenção do Banco Central no mercado de câmbio e em um dia sem grandes notícias. Os investidores, porém, continuaram bastante temerosos em meio à grave crise política no país.
A divisa norte-americana caiu 1,86%, a R$ 3,4429 na venda, maior queda desde o dia 10 de julho (-2,30%). Na última sessão, o dólar já havia recuado 0,83%, mas acumulou valorização de 2,44%.
“Está havendo uma acomodação (da moeda), diante da falta de notícias”, afirmou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, lembrando das fortes altas do dólar nas últimas semanas. Só em julho, a moeda norte-americana avançou 10%.
Eventos “domésticos”
Investidores continuaram focando suas atenções no noticiário político local, que tem impulsionado a moeda norte-americana nas últimas semanas. O medo é que golpes à credibilidade do país afastem investimentos do mercado local, além de entraves ao reequilíbrio da economia brasileira.
“Os mercados brasileiros continuam focados mais em eventos políticos domésticos do que em indicadores econômicos”, escreveram analistas do JPMorgan em nota a clientes, salientando a incerteza sobre a aprovação de medidas do ajuste fiscal pelo Congresso Nacional e o noticiário sobre a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff não concluir seu mandato.
Swaps
Operadores ressaltaram também que o aumento da intervenção do BC no câmbio corroborou o alívio no mercado local. Após as fortes altas recentes da moeda dos EUA, a autoridade monetária sinalizou que rolará integralmente os swaps cambiais – equivalentes à venda futura de dólares – que vencem em setembro, após três meses de rolagens parciais.
“Com o aumento da rolagem, o mercado entendeu que o dólar acima de R$ 3,50 incomoda”, disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.
Pela manhã, o BC deu continuidade à rolagem, vendendo a oferta total de até 11 mil contratos, correspondentes a US$ 535,7 milhões. Ao todo, já rolou US$ 2,232 bilhões, ou cerca de 22% do total que vence no mês que vem.
Juros nos EUA
Nos mercados externos, a perspectiva de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, pode elevar os juros no mês que vem também continuou no radar. Juros mais altos podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em países como o Brasil.
Nesta quarta-feira, dois membros do Fed comentaram sobre a economia dos Estados Unidos. O presidente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, disse que estava “disposto” a começar a elevar os juros em setembro, mas espera que haja um hiato de pelo menos uma reunião antes de novos aumentos.
Mais cedo, o vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, disse que a inflação está muito baixa, mas apenas temporariamente, e a economia já quase atingiu o pleno emprego.
No exterior, o dólar também perdia força e caía cerca de 0,4% em relação a uma cesta de moedas.