Bovespa fecha com a maior queda em 3 anos após avanço de Dilma em pesquisas
O principal índice da Bovespa fechou com a maior queda percentual diária em três anos nesta segunda-feira (29), após pesquisas mostrarem novo avanço da presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) na corrida presidencial, com as ações preferenciais da Petrobras caindo mais de 11%. O Ibovespa encerrou em baixa de 4,52%, a 54.625 pontos, maior queda desde 22 de setembro de 2011, quando terminou em baixa de 4,8%. O patamar de pontuação do fechamento foi o menor desde 10 de julho deste ano.
O dólar fechou a segunda-feira (29) no maior nível desde o fim de 2008 após as últimas pesquisas eleitorais mostrarem avanço nas intenções de voto para a presidenteDilma Rousseff (PT), cuja política econômica é duramente criticada por investidores. O dólar subiu 1,64%, a R$ 2,4557 na venda. Trata-se do fechamento mais alto desde 12 de dezembro de 2008, ápice da crise financeira global, quando ficou em R$ 2,4730.
O moeda norte-americana alcançou R$ 2,4792 na máxima da sessão, mas perdeu um pouco do ímpeto depois que exportadores aproveitaram as cotações altas para vender dólares. Além disso, alguns especulavam que o Banco Central poderia aumentar a intervenção no câmbio para evitar pressões inflacionárias. Segundo dados da BM&F, o giro desta sessão foi de cerca de 2 bilhões de dólares.
"O mercado entrou com todas as fichas numa vitória da oposição e pagou para ver. O que a gente está vendo hoje é a reversão desse movimento", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo. Segundo levantamento do Datafolha divulgado após o fechamento dos mercados na sexta-feira, Dilma praticamente dobrou sua vantagem contra Marina Silva (PSB) nas intenções de voto para o primeiro turno e passou a ter vantagem numérica sobre a ex-senadora em simulação de segundo turno.
Quase no final do pregão, pesquisa CNT/MDA também confirmou o avanço da presidente, dando mais um impulso ao dólar. "Se isso se confirmar (avanço de Dilma) nas próximas pesquisas, o céu é o limite para o dólar", afirmou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel, para quem a moeda norte-americana pode ir acima de 2,50 reais no curto prazo.
O movimento desta sessão foi turbinado pela decepção do mercado após não se confirmarem boatos de que uma revista semanal publicaria reportagem sobre novo escândalo desfavorável à reeleição de Dilma. Na sexta-feira, essa especulação levou a moeda norte-americana a fechar em queda ante o real, descolada do exterior. O cenário externo também impulsionou o dólar. Investidores evitaram comprar ativos de maior risco por cautela antes da divulgação do relatório de emprego dos Estados Unidos na sexta-feira, levando a divisa norte-americana a subir contra moedas emergentes, como as do Chile e do México.
Os números podem reforçar as expectativas de que a alta dos juros norte-americanos ocorra de forma mais intensa do que a esperada, atraindo recursos aplicados em outros países.
Banco Central
A forte pressão cambial levou alguns investidores a cogitar a possibilidade de o BC brasileiro intervir com mais força no mercado para limitar o impacto inflacionário da alta do dólar. "Nesses níveis, o mercado opera com especulações de que o BC pode aumentar a intervenção, o que impõe alguma cautela. Mas é claro que isso não é o suficiente para trazer o dólar de volta para os níveis de dois meses atrás (entre R$ 2,20 e R$ 2,25)", afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Battistel, da Fair, acredita que o BC pode atuar com mais força no mercado para evitar essas arrancadas, ampliando os leilões de swaps, entrando com leilões de linha ou até mesmo com venda de dólares à vista.
Alguns analistas, contudo, apostam que o BC não fará intervenções adicionais, atuando apenas por meio dos leilões diários e das rolagens de swaps, uma vez que o movimento do real está, em certa medida, alinhado com o de outras moedas emergentes. Toda a região tem sofrido com temores de que os juros dos Estados Unidos subam de forma mais intensa do que a esperada. Tanto o real quanto o peso mexicano e o sol peruviano se desvalorizaram de 3% a 4% desde o início do ano. Outras divisas tiveram desempenho bem pior: o peso chileno, por exemplo, perdeu mais de 12% de seu valor no mesmo período. "Não é uma questão de liquidez que está prejudicando o mercado, é uma questão de expectativas", afirmou o operador de um importante banco nacional. "Com falta de liquidez, o BC consegue brigar. Com expectativas deterioradas, não vale a pena comprar briga."
Até agora, a autoridade monetária deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, colocando nesta sessão a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem à venda futura de dólares. Foram vendidos 1,7 mil contratos para 1º de junho e 2,3 mil para 1º de setembro de 2015, com volume equivalente a 197,5 milhões de dólares.
O BC também vendeu a oferta total de até 15 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em outubro e, com isso, rolou praticamente todo o lote, que corresponde a 6,677 bilhões de dólares. O próximo lote de swaps vence em 3 de novembro e equivale a 8,84 bilhões de dólares. O mercado espera amplamente que esses contratos sejam rolados integralmente.
Metodologias
A pesquisa Datafolha ouviu 11.474 eleitores em 402 municípios do Brasil. A margem de erro máxima é de dois pontos porcentuais e o nível de confiança, de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (PSE) sob o protocolo BR-00782/2014
Segundo a Confederação Nacional do Transportes (CNT), responsável por contratar o instituto MDA, foram entrevistadas 2.002 pessoas, em 137 municípios de 25 unidades federativas das cinco regiões do País, nos dias 27 e 28 de setembro. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos porcentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-00992/2014.
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