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A cotação do dólar disparou na manhã desta terça (16) e chegou a R$ 5,28 na quinta sessão seguida de valorização da moeda americana. Os motivos são os temores do mercado em relação à trajetória fiscal brasileira, a perspectiva do adiamento de corte dos juros nos Estados Unidos e o aumento das tensões no Oriente Médio. Às 11h38, a moeda era vendida a R$ 5,282 com alta de 1,84% sobre o fechamento de segunda-feira (15).
Os juros podem demorar a cair nos Estados Unidos diante da resiliência que a maior economia mundial vem apresentando. O FMI aumentou, nesta terça, as projeções de crescimento para este ano de 2,1% para 2,6%.
Quanto menos o Fed (o Banco Central americano) cortar os juros, mais o dólar tende a se valorizar, porque fica mais atraente para os investidores estrangeiros devido aos rendimentos mais elevados oferecidos pelos títulos norte-americanos.
Segundo Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, o cenário externo vem contribuindo para a depreciação do real, tendo em vista o maior pessimismo em relação ao ciclo de queda de juros, No final do ano passado, o mercado trabalhava com a hipótese de seis ou sete cortes no ano, começando em março. Agora o mercado projeta que o ciclo inicie em julho ou setembro e nem chega a incorporar integralmente dois cortes em 2024.
A valorização do dólar é reforçada pela tensão geopolítica no Oriente Médio. Os investidores ficam mais avessos ao risco e partem para aplicações mais seguras como o dólar e o ouro.
Outro agravante foi a revisão da meta fiscal para os próximos anos. Para 2025, ela passou de superávit primário de 0,5% do PIB para 0%. “As medidas anunciadas não trazem nada de positivo, e parecem ser um sinal bastante claro de que não haverá ajuste fiscal nos próximos anos”, diz a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
Goldenstein também destaca a frustração com a fragilidade do arcabouço fiscal, com a mudança de metas para o resultado primário. "Isto, por sinal, reduz a probabilidade de acionamento dos gatilhos que evitariam um maior crescimento real de despesas. Além disso, não dá para descartar que novas alterações das metas ocorram", afirma ele.