Catapultado por preocupações relacionadas à economia brasileira e ao programa de estímulo dos Estados Unidos, o dólar bateu dois recordes no fechamento de ontem: teve a maior alta diária ante o real desde o fim de 2011 e encerrou no maior patamar em mais de quatro anos: R$ 2,3960 reais para venda.
Dúvidas sobre a política de intervenção do Banco Central brasileiro no mercado de câmbio também alimentaram a disparada da moeda norte-americana. A alta foi de 2,46%.
"Um conjunto de fatores atuou no câmbio. Primeiro, o dólar está forte lá fora por causa expectativa de redução dos estímulos por parte do Fed", disse um operador de um banco brasileiro, referindo-se ao banco central americano (Federal Reserve). "Depois, o (ministro da Fazenda, Guido) Mantega estragou ainda mais porque falou que o câmbio mais depreciado é melhor para a indústria e que o patamar do câmbio mudou mesmo."
O dólar ganha força em grande parte dos mercados globais porque dados positivos sobre a economia dos EUA alimentaram expectativas de que o Fed, banco central do país, irá diminuir seu programa estímulo monetário já em setembro, reduzindo a oferta mundial de dólares. No Brasil, a alta da divisa dos EUA ganhou ainda mais força devido às preocupações com a fraqueza da economia.
Em São Paulo, o ministro Mantega procurou dissipar o pessimismo dos investidores, dizendo que o câmbio mais desvalorizado beneficia a indústria brasileira. O ministro reconheceu, no entanto, que a volatilidade das cotações não beneficia a economia e deve ser combatida. "Temos muitas armas no Brasil para enfrentar uma volatilidade cambial, a primeira delas é que temos reservas muito elevadas e até agora não gastamos um tostão delas", disse o ministro da Fazenda, citando também os leilões de swap cambial feitos pelo Banco Central.
Embora o BC tenha concentrado sua atuação nos mercados de câmbio em ofertas de contratos de swap cambial tradicional, alguns analistas dizem que apenas intervenções no mercado à vista conseguirão segurar o dólar agora.