Viajar nessa temporada está na agenda de 68% dos moradores de Curitiba. Mas o destino pode não ser mais o portão de embarque internacional para parte dos viajantes, inclusive os de alta renda. Esse é o cenário mostrado pela pesquisa Viagem de Férias, realizada pela Brain Pesquisas com exclusividade para a Gazeta do Povo.
A instabilidade da economia brasileira e a alta do dólar nos últimos meses são apontadas pelos analistas como as principais razões para as mudanças dos planos dos turistas. "Diante da incerteza da economia, muitos clientes preferiram esperar antes de investir em uma viagem. A queda nas vendas, em relação ao ano passado, foi de 30%", avalia Roberto Bacovis, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem, seção Paraná (Abav-PR).
Segundo o analista Fábio Araújo, da Brain Pesquisas, quase 20% dos consumidores mudaram de planos. A flutuação do dólar fez 5% desistirem definitivamente de viajar. "E outros 14% tiveram que mudar o planejamento da viagem, reduzindo custos como optar por hospedagem mais barata ou ficar menos tempo fora", diz.
É o que vai acontecer na próxima viagem de férias do advogado Pedro Carneiro, de 47 anos. Ele, a esposa e a filha de 19 anos acabaram de voltar dos Estados Unidos. Foi a terceira vez que viajaram ao país. Desta vez, Carneiro percebeu que o impacto no orçamento da família foi maior. "Nas três ocasiões, levei o mesmo volume de moeda estrangeira. Mas agora eu gastei muito mais em reais para o mesmo valor em dólar", explica.
Além de reduzir os gastos lá fora, o investimento feito na viagem terá consequências nos planos para o futuro. Em junho de 2014, o casal vai passar 20 dias na Alemanha. A ideia era partir dali para um tour pela Europa. "Já não vai ser possível. O custo do aluguel do carro vai pesar mais do que pensávamos. Riscamos a Inglaterra do roteiro e vamos ficar nos arredores das cidades alemãs que vamos visitar", conta.
O mercado identificou a retração nas vendas há três meses, período em que 27% dos viajantes fizeram os planos das viagens de verão, de acordo com a pesquisa. A maior parte (34%), porém, começou a se organizar há seis meses. "O mês de outubro foi o pior do ano", conta Bacovis, da Abav-PR. Outro fator que pesou na decisão do consumidor para adquirir pacotes turísticos foi o endividamento. "Quem estava entrando no mercado internacional, recuou. Preferiu investir menos e não fazer dívidas", diz.