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Dólar eleva importação, afeta indústria e freia avanço do PIB

Veja a variação do PIB brasileiro entre 2009 e 2010 |
Veja a variação do PIB brasileiro entre 2009 e 2010 (Foto: )

A indústria e a agropecuária frea­ram o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As duas atividades tiveram retração de, respectivamente, 1,5% e 1,3%, limitando assim o crescimento da economia brasileira a apenas 0,5% sobre o trimestre anterior, em linha com a maioria das expectativas de analistas econômicos. Dos três setores avaliados pelo lado da oferta, apenas o de serviços – que inclui o comércio – cresceu entre julho e setembro (1%).

Nas medições anteriores, o PIB vinha registrando avanços próximos de 2% sobre o trimestre imediatamente anterior. A economia brasileira perdeu ritmo também na comparação com o mesmo período do ano passado. Embora expressiva, a expansão de 6,7% sobre o terceiro trimestre de 2009 é mais fraca que as observadas de janeiro a março (9,3%) e de abril a junho (9,2%).

Os dados dão força à tese de que o real valorizado está prejudicando a indústria brasileira, ao limitar as vendas ao exterior e ao estimular importações. Enquanto as exportações cresceram 2,4% no terceiro trimestre, em relação ao segundo, as compras externas aumentaram 7,4%. Na comparação com o terceiro trimestre de 2009, as importações saltaram 40,9% – a maior alta da série histórica do PIB, iniciada em 1996.

Para Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, a indústria está sendo prejudicada pela conjuntura externa. "Quando se coloca o câmbio apreciado num cenário em que os custos trabalhistas têm crescido, gera-se um prejuízo para a produção industrial. Isso fará com que o PIB industrial também continue a andar de lado, afetando inclusive o PIB geral."

Deslocamento

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) alertou, em nota, para um deslocamento da produção. "O que está em jogo – e é bom que este ponto seja frisado – não é mais uma mera complementação de oferta interna de bens e serviços propiciada pelas importações, o que é, em si, normal em qualquer economia do mundo e é útil para acomodar os ritmos de crescimento da demanda e da oferta. Por trás da grande evolução das importações, há um deslocamento da produção doméstica pela produção externa", destaca.

Por outro lado, o economista Alcides Leite, professor de Mercado Financeiro e Economia Brasileira na Trevisan Escola de Negócios, considera precipitada a interpretação de que ocorre uma desindustrialização no país. "Nem tudo o que é importado concorre com a indústria nacional. Máquinas e equipamentos comprados de fora são importantes para a economia brasileira. Nossa indústria ainda está em um bom nível de uso de capacidade instalada, e normalmente o primeiro semestre semestre é melhor para o setor", comenta. Leite atribui a desaceleração do PIB a fatores metodológicos. "A base de comparação foi mais alta, pois como o crescimento já está forte, é natural que haja uma diminuição no aumento do PIB."

Entressafra

Na agropecuária, a queda de 1,5% no PIB no terceiro trimestre de 2010 em relação ao trimestre anterior ocorreu principalmente porque a soja e o milho, as duas culturas de maior peso no setor agrícola do país, não estão em fase de cultivo no terceiro trimestre. As duas commodities tinham impactado positivamente os resultados de abril a junho, explicou o coordenador de contas nacionais do IBGE, Roberto Olinto.

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