A notícia de que os republicanos apresentaram uma proposta de aumento do limite de endividamento dos EUA, por seis meses anima os investidores nesta quinta-feira. É o primeiro passo para que democratas e republicanos cheguem a um acordo e encerrem o impasse político que paralisou o país, segundo analistas. Por isso, as principais bolsas do mundo estão em alta.
O Ibovespa segue o ritmo otimista dos mercados externos e, às 15h18m, o índice estava em alta de 0,31% aos 52.712 pontos e volume negociado de R$ 3,9 bilhões. No mercado de câmbio, no mesmo horário, a moeda americana estava sendo negociada a R$ 2,176 na compra e R$ 2,178 na venda, uma desvalorização de 1,26%. É a cotação mais baixa desde o dia 18 de junho, quando a moeda americana fechou negociada a R$ 2,178. Na máxima do dia, o dólar foi negociado a R$ 2,200 e na mínima chegou a R$ 2,171, uma baixa de 1,58%. Para Jorge Knauer, gestor de renda fixa e câmbio da Appia Capital, embora os juros dos títulos americanos de dez anos subam nesta quinta-feira, o que em tese levaria a moeda americana a se valorizar, está acontecendo o contrário.
O dólar perde força em relação a moedas como a libra, o rublo, peso mexicano, dólar australiano. - O acordo nos EUA, que em tese faria o dólar se valorizar, está tendo efeito contrário. E aqui no Brasil, a expectativa de que a Selic, taxa básica de juro, possa subir mais 0,5 ponto percentual em novembro, chegando a 10% no fim do ano, também contribui para a queda da moeda americana. Com juros mais altos, a tendência é que o país atraia mais capital externo, fazendo o dólar se desvalorizar - analisa Knauer.
Segundo Knauer, o comunicado divulgado quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom) foi igual ao anterior, sinalizando que pode acontecer mais uma alta de juro de 0,5 ponto percentual em novembro. Na quarta, a Selic foi elevada de 9% para 9,5% ao ano. Contribui também para a queda do dólar, mais uma intervenção feita pelo Banco Central, que vendeu todos os dez mil contratos ofertados na operação de swap cambial, nesta manhã. O volume financeiro da operação chegou a US$ 497,5 milhões. Os contratos têm vencimento em 5 de março de 2014.
A indicação de Janet Yellen para a presidência do Federal Reserve também está na pauta do mercado. A expectativa é que com Yellen no cargo a retirada dos estímulos à economia, que deve começar em breve, seja mais lenta. Entre as ações mais negociadas do pregão, Vale PNA está estável a R$ 30,48; Petrobras PN tem queda de 0,11% a R$ 18,05; OGX Petróleo ON está estável a R$ 0,22; Itaú Unibanco PN sobe 0,18% a R$ 31,91 e Bradesco PN tem alta de 0,60% a R$ 31,41. - Os investidores estão comprando ações diante da perspectiva de que saia um acordo entre republicanos e democratas para elevar o teto da dívida, mesmo que de curto prazo, além de destravar o orçamento - diz Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.
O banco Goldman Sachs rebaixou o preço-alvo da ação da OGX para R$ 0,20. A avaliação anterior era de R$ 0,70 para o preço da ação. Em relatório, o banco aponta que esse é o preço esperado para a ação em um cenário de recuperação judicial com calote de 50% das dívidas e excluindo a conclusão da venda de 40% do campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, para a petrolífera malaia Petronas.
O empresário Eike Batista voltou a vender ações da petrolífera OGX em setembro, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Eike vendeu R$ 29,66 milhões em ações em setembro, o equivalente a 74,78 milhões de ações ordinárias. Depois dessa operação, ele reduziu sua participação na empresa de 52,48% para 50,16%, mas continua sendo o controlador majoritário. No mercado de juros, as taxas do contratos de Depósito Interfinanceiro negociados na BM&F estão em alta, se ajustando à alta da taxa Selic anunciada ontem pelo Banco Central e a um novo aumento em novembro.
O contrato de DI futuro para janeiro de 2014 era negociado com taxa de 9,52%, de 9,45% desta quarta-feira; o papel com vencimento em janeiro de 2015 tem taxa de 10,28%, dos 10,09% da véspera. E o contrato para janeiro de 2017 tinha taxa de 11,18%, dos 11,08% desta quarta-feira.
O Congresso americano ainda não chegou a um acordo sobre o orçamento do ano fiscal 2014 e nem sobre a elevação do teto da dívida. Mas há uma reunião prevista para esta tarde entre o presidente Barack Obama e representantes do partido republicano, o que é interpretado pelo mercado como o primeiro passo para se chegar a um acordo político. Os republicanos da Câmara dos Deputados estariam avaliando um aumento de curto prazo do teto da dívida sem exigências adicionais de mudança de política, disse uma fonte à agência de notícias Reuters. Já são dez dias de paralisação de serviços nos EUA, com impacto na economia.
O teto da dívida deve ser elevado até o próximo dia 17, sob o risco de o país deixar de honrar seus compromissos. As bolsas americanas estão em forte alta com a notícia da reunião. O índice S&P500 sobe 1,59%; o Dow Jones se valoriza 1,53% e o Nasdaq tem ganho de 1,89%.
Os principais índices do mercado de ações da Europa fecharam em alta expressiva diante de um possível acordo no impasse político nos EUA. O índice FTSE teve alta de 1,46% em Londres. Em Frankfurt, o Dax avançou 1,99%, enquanto o Cac, de Paris, teve ganho de 2,21%.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast