A decepção com a atividade econômica dos Estados Unidos e o alívio com a provável extensão da ajuda à Grécia permitiram a segunda queda seguida do dólar nesta sexta-feira, seguindo o mercado global.
A moeda norte-americana perdeu 0,13 por cento, a 1,576 real, no menor nível desde o começo do mês passado. Em relação a uma cesta com as principais divisas, o dólar tinha queda de 0,7 por cento.
O aguardado relatório de emprego dos Estados Unidos decepcionou os investidores, com geração de apenas 54 mil postos de trabalho em maio. O indicador foi apenas mais um a frustrar os agentes, que temem a desaceleração da economia norte-americana a um mês do fim do programa de estímulo econômico do Federal Reserve.
Ao mesmo tempo em que os Estados Unidos desapontam os investidores, a Europa voltou a inspirar confiança. O euro subia quase 1 por cento, para o maior nível em um mês, após a Grécia e seus credores internacionais sinalizarem que há um acordo para a extensão da ajuda ao país.
Não foi só contra o euro que o dólar sofreu. O franco suíço atingiu o maior valor da história ante a moeda norte-americana, e o iene alcançou a máxima em um mês.
A tendência internacional encontrou, no Brasil, condições propícias para a queda do dólar. "Os posicionamentos nos derivativos continuam evidenciando forte especulação pró-real por parte dos 'hedge funds'", afirmou Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, em relatório.
Segundo dados da BM&FBovespa, os estrangeiros detinham mais de 19 bilhões de dólares de posição vendida em contratos de dólar futuro e cupom cambial (DDI).
Ao mesmo tempo, a postura do governo tem sido mais complacente com a queda do dólar do que nos primeiros meses do ano. A intervenção tem se resumido a dois leilões de compra de dólares pelo Banco Central por dia, sem atuações a termo.
Além disso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira que o país não tem tido o mesmo ingresso expressivo de capitais do começo de 2011, e que portanto o governo apenas "observa" o cenário neste momento.