O dólar fechou em alta ontem pelo quinto dia seguido, mesmo sem a atuação do Banco Central. A moeda americana encerrou a sessão com avanço de 0,93%, negociado a R$ 1,9247 na venda a maior cotação desde 17 de julho de 2009, quando a moeda fechou em R$ 1,9280.
Abril foi marcado por uma forte atuação do BC, que chegou a fazer dois leilões de compra de dólares no mercado à vista por sessão. Com essa atuação, o dólar encerrou o mês com uma valorização acumulada de 4,42% ante o real. Nesta virada de mês, a situação parece estar virando. O BC não atua no mercado há dois pregões. Operadores acreditam que é cedo para afirmar que o BC não deve atuar com a moeda acima de R$ 1,90.
Ajudaram na alta do dólar nesta quarta-feira o cenário externo mais negativo e um possível fluxo de saída da divisa norte-americana do país, segundo operadores. O ambiente externo ruim estimula as instituições a buscar ativos mais seguros a opção tradicional é por títulos do tesouro americano. Reforça a ideia o fato de que a moeda dos EUA valorizou-se nos últimos dias em relação às de outros países, como o Japão.
Embora alguns operadores esperem um aumento na saída de dólares do país, até agora isso não tem ocorrido. Os dados da quarta semana de abril, divulgados ontem, mostram que o fluxo (entrada e saída da moeda) foi positivo em US$ 1,93 bilhão, informou o Banco Central. O período das movimentações divulgadas corresponde ao dia 23 até 27 de abril. No ano, o saldo é positivo em US$ 24,53 bilhões, 33,9% abaixo do registrado no mesmo período de 2011 (US$ 37,13 bilhões).
Durante a sessão de ontem, a moeda norte-americana oscilou entre R$ 1,9070 e R$ 1,9303. Na segunda-feira, o dólar já havia obtido forte alta, de 1,08%, ultrapassando a barreira de R$ 1,90, que não atingia desde setembro passado. "Fala-se no piso de R$ 1,90 e antes se falava em R$ 1,80. Agora pode ser até R$ 2. Acho que ainda é prematuro falar de um novo nível de atuação do BC e sobre qual patamar ele quer a moeda", disse um operador de câmbio que prefere não ser identificado.
Com base nesses movimentos, economistas já estão recomendando que se faça proteção (hedge) contra a valorização acelerada da moeda americana. Eles avaliam que mudou a política de intervenção cambial do Banco Central, que claramente quer fortelecer a moeda americana e enfraquecer o real. "Antes, enquanto o Ministério da Fazenda defendia um real mais fraco e implementava mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras para esse objetivo, o Banco Central usava as intervenções como uma ferramenta para aliviar a volatilidade no câmbio. Agora, a percepção é que as intervenções do BC estão enfraquecendo o real", diz chefe de economia e estratégia para o Brasil do Bank of America Merrill Lynch, David Beker.
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