Vídeo| Foto: RPC TV

O dólar registrou nesta quarta-feira (16) a maior queda diária em 11 meses, de 1,41%, e fechou a R$ 1,954. A entrada de dólares no país e um cenário econômico positivo têm contribuído para manter a moeda norte-americana no menor nível desde o início de 2001.

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Um leilão de swap cambial reverso feito pelo Banco Central chegou a desacelerar a queda do dólar, mas a notícia de que a Standard & Poor's elevou o rating do Brasil fez a moeda norte-americana voltar a cair de forma acentuada. Às 15h35, a moeda tinha queda de 1,41%, a R$ 1,953 para a venda.

A nota do país subiu de "BB" para "BB+", a um passo do grau de investimento (classificação dos países que são mais confiáveis para se investir). Na semana passada, a Fitch já havia colocado o Brasil na mesma posição.

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O dólar havia reduzido a queda no final da manhã, depois da ação do Banco Central no mercado financeiro - a autoridade monetária comprou US$ 1 bilhão em operação de 'swap reverso', que funciona como uma compra futura de dólares.

No fim da manhã, o dólar foi cotado a R$ 1,971, em baixa de 0,55%, mas logo voltou à faixa de R$ 1,96, sendo negociado a R$ 1,965 às 13h48. Na mínima do dia, a moeda norte-americana chegou a R$ 1,958.

Barreira

O dólar rompeu na terça-feira (15) a barreira de R$ 2, fazendo o mercado questionar qual seria o comportamento do BC, que havia diminuído o ritmo das atuações nos últimos dias. Pedro Jobim, economista do banco ING, comentou que havia dúvidas se o BC iria defender a marca de R$ 2. "Da outra vez que chegou bem perto, o BC entrou com um leilão forte", lembrou.

De acordo com a corretora Link, os analistas são unânimes em apostar que, "se o BC continuar manso", o dólar pode chegar a R$ 1,85. Marcelo Voss, economista-chefe da corretora Liquidez, ponderou que o preço baixo da moeda começa a atrair algumas compras de dólares, especialmente no mercado futuro. "Eu não vejo o (dólar) com sustentabilidade abaixo de R$ 1,975. É um pouco fora da realidade", comentou.

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Tendência de queda

Segundo analistas ouvidos pelo G1, a tendência de queda vai continuar. A barreira de R$ 2 é muito mais psicológica do que real. Daqui para frente, cada vez mais caberá ao Banco Central atuar no mercado para controlar apenas a velocidade da queda. No que depender da giro da economia, o câmbio só tem uma direção: para baixo.

"A tendência de queda já está dada, o BC não vai conseguir reverter. Ele pode controlar a velocidade, entrar com um leilão de compra mais agressivo, voltar a oferecer o 'swap reverso' (operação de compra de dólares no mercado futuro)", diz o economista da MCM Consultores, Antonio Madeira.

A avaliação é compartilhada pelo economista José Luiz Rossi, professor da escola de negócios Ibmec-SP, também não crê em uma intervenção "radical" do Banco Central para mudar esse quadro. "O intuito do BC é de evitar uma queda brusca, evitar a volatilidade. Ele já percebeu a ineficiência em tentar determinar uma taxa."

Para o professor, a queda do dólar não prejudica a economia brasileira. Pelo contrário: "Eu sou um dos que acham que não é tão negativo assim. Obviamente o exportador vai ser afetado, mas são apenas alguns setores. Para a sociedade em geral pode ter um ganho." Segundo ele, o dólar mais barato melhorar a competitividade da indústria brasileira, aumentando os investimentos em máquinas e equipamentos.

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Fatores

Os fatores que colaboram para a queda do dólar são muitos - e tendem a ficar cada vez mais fortes. Além da atual queda do dólar em relação a diversas moedas, a valorização do real também está relacionada ao aumento da confiança externa no país e à taxa de juros praticada atualmente.

Para o presidente da Federação Nacional dos Bancos (Febraban), Fábio Barbosa, a entrada de dólares no país, que torna a moeda mais barata em relação ao real, deve seguir aumentando no país devido à proximidade de o Brasil receber o grau de investimento das agências classificadoras de risco.

"O fato é que hoje o Brasil representa um risco muito menor na economia mundial. Portanto, vai atrair cada vez mais investimentos. Estamos entrando em um novo ciclo de crescimento muito mais 'parrudo' e muito mais estruturado do que no passado. Essa é uma boa notícia", comentou.

Setor produtivo

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Até o setor produtivo, que mais sofre com o dólar barato, já se prepara para assistir a queda contínua da moeda. O diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacof, afirmou que os empresários já vêm buscando alternativas para compensar o câmbio desfavorável.

Segundo ele, há setores que enfrentam extrema dificuldade com o real valorizado. No entanto, argumenta Tabacof, o empresário não está parado esperando o dólar se valorizar, mas sim buscando ações como a redução nos custos e a compra de novos equipamentos como formas de compensar a queda do câmbio.

O economista destaca ainda que os empresários estão aproveitando o dólar em baixa para importar componentes e montar no Brasil, como ocorre com a indústria eletroeletrônica. "Este setor está se beneficiando pelo outro lado do câmbio", completa Tabacof, ponderando que outros setores não conseguem aproveitar o real valorizado.