A taxa de câmbio doméstica foi negociada abaixo de R$ 1,70 pela primeira vez desde o início de setembro, já em seu terceiro dia consecutivo de queda. Após oscilar entre R$ 1,716 e R$ 1,678, o dólar comercial (referência para exportações e importações) foi negociado por R$ 1,684, em um declínio de 1,46% nas últimas operações do dia. Desde o fim de setembro o preço da moeda americana já desvalorizou 10,5%, em seu pior tombo mensal desde abril de 2003. Para turistas e viajantes, o dólar foi vendido por R$ 1,800 (recuo de 1,6%) e comprado por R$ 1,620 nas casas de câmbio paulistas.
O mês foi marcado pela expectativa em torno do plano anticrise europeu. Apesar das críticas, os mercados avaliaram positivamente as primeiras medidas já anunciadas, aguardando mais detalhes para os próximos meses. A euforia de quinta-feira foi reforçada ontem pelo efeito calendário: como a próxima segunda-feira é o último dia útil do mês, a briga entre agentes financeiros se acirrou.
A taxa de câmbio de segunda será o preço de referência para a liquidação dos contratos financeiros onde os grandes "players" do mercado fazem suas apostas na baixa ou na alta da cotação. Com a forte retração dos preços nas últimas semanas, alguns profissionais do setor financeiro já miram uma taxa a R$ 1,65 no curto prazo. "Na semana que vem acho que até podemos ver o dólar chegar a esse preço, mas eu entendo que essa não é a taxa real neste momento", comenta Felipe Pellegrini, gerente da mesa de operações do banco Confidence. Para esse profissional, as cotações tendem a sofrer um repique nos próximos dias.
Bolsa
Depois de mostrar indefinição durante todo o dia, o Ibovespa encerrou a sexta-feira em alta de 0,41%, aos 59.513,13 pontos. Com o resultado de ontem, o ganho semanal foi de 7,71% a melhor semana do ano para a Bolsa. No mês, a valorização cresceu para 13,74%, mas em 2011 a perda ainda é de 14,13%. Se a Bolsa se mantiver nesta toada na segunda-feira, último pregão do mês, terá registrado o segundo melhor resultado mensal do ano, perdendo apenas para abril, quando alcançou 15,55%.
Ontem, um dia após o mercado reagir positivamente ao anúncio do pacote de ajuda para sanar a crise europeia, a palavra de ordem foi cautela, diante da preocupação com a falta de detalhes concretos e a capacidade desse pacote em controlar a crise na região. Mas os investidores na Bovespa não parecem dispostos a deixar escorregar o ganho acumulado em outubro.