O alívio global após dados melhores que o esperado sobre a China derrubaram o dólar abaixo de R$ 1,75 nesta quarta-feira (1º), com o mercado ainda na expectativa por definições sobre a capitalização da Petrobras. A moeda norte-americana caiu 0,56%, para R$ 1,747. É o menor patamar de fechamento desde 3 de maio, quando fechou em R$ 1,732.
O índice de gerentes de compra do HSBC para a China sobre o setor manufatureiro subiu para 51,9 em agosto, máxima em três meses, ante 49,4 em julho. O indicador do governo chinês para o setor também avançou, de 51,2 para 51,7.
Os dados indicam que a demanda por commodities, principal componente das exportações brasileiras, deve se manter aquecida. Os dados deram suporte também às bolsas globais, que subiam mais de 2% perto do fechamento com a percepção de que a economia global não tem se desacelerado tão rápido quanto se temia.
Em outro relatório melhor que o esperado, o índice de atividade do setor manufatureiro dos Estados Unidos subiu a 56,3 em agosto. A atenção do mercado global se volta agora ao relatório sobre emprego nos EUA, na sexta-feira.
De acordo com a maioria dos profissionais de mercado, não houve uma entrada de dólares relevante nesta sessão que pudesse justificar a queda do dólar - o que reforça a associação com o comportamento externo.
Pelo contrário, em algumas casas o saldo das operações era negativo ao longo do dia. "Nesses níveis (baixos), o exportador nem quer saber de ingressar", disse o operador de câmbio de um banco local, que pediu anonimato.
Na semana passada, o fluxo de dólares já havia sido negativo. Segundo dados do Banco Central, o país acumulou nas quatro primeiras semanas de agosto um déficit de US$ 601 milhões no movimento de câmbio.
A queda do dólar no Brasil, em comparação com outras moedas de perfil semelhante, foi mais amena. O peso mexicano, por exemplo, subiu 1%, e o dólar australiano se valorizava 1,8% no fim da tarde.
O dólar se manteve acima de R$ 1,75 nas últimas semanas em meio à expectativa de que o Banco Central e o governo atuassem com mais vigor caso a taxa de câmbio caísse abaixo desse nível. O BC realizou o leilão de compra de dólares logo ao meio-dia, criando expectativas de uma segunda operação à tarde - o que não se concretizou.
Após o fechamento da sessão, o mercado aguarda notícias sobre o preço do barril de petróleo a ser pago pela Petrobras dentro da cessão onerosa de sua capitalização. O valor ajudará o mercado a estimar a quantidade de dólares que devem ingressar no país com a operação.
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