O dólar recuou mais de 1% frente ao real nesta segunda-feira (2), caindo pela terceira sessão seguida e fechando abaixo de R$ 2 pela primeira vez em pouco mais de um mês.
Segundo operadores, o mercado ainda está reagindo à forte atuação do Banco Central na semana passada, também diante de um cenário externo um pouco melhor, após anúncios de medidas na zona do euro na última sexta-feira.
O dólar fechou com queda de 1,11%, cotado a R$ 1,9874 reais na venda. Trata-se da menor cotação no fechamento desde o dia 29 de maio deste ano, quando encerrou a R$ 1,9864 na venda.
Diante da forte aversão ao risco vista na semana passada antes da cúpula da União Europeia (UE) na sexta-feira e com o dólar se aproximando de R$ 2,10, a autoridade monetária fez três leilões de swap cambial tradicional -equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro.
O BC vendeu todos os 180 mil contratos ofertados na semana passada, mostrando que havia demanda no mercado e movimentando quase US$ 9 bilhões.
Após essa atuação do BC e também com um maior otimismo no cenário internacional, depois que líderes da UE anunciarem medidas para combater a crise da região, o dólar despencou mais de 3% no pregão passado, levando a divisa a anular a alta que acumulava em junho e encerrar o mês com desvalorização de 0,38%.
Apesar das medidas anunciadas lá fora trazerem alguma tranquilidade, ainda há dúvidas sobre como serão executadas. Pesou ainda indicadores econômicos negativos no mundo, que podem atrapalhar a recuperação dos mercados financeiros.
Nesta segunda-feira, por exemplo, a Finlândia informou que pretende impedir que o fundo de resgate permanente da zona do euro, o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês), compre títulos governamentais em mercados secundários.
Também foram divulgados em alguns países dados negativos sobre o setor de manufaturados, como os dados de atividade da indústria dos Estados Unidos, que recuaram para 49,7 em junho, ante 53,5 no mês anterior.
Com isso, o dólar registrou alta nesta segunda-feira ante outras moedas. Às 17h50, ante uma cesta de medidas, o dólar subia cerca de 0,30%.
Diante desse cenário, operadores alertaram ainda que a divisa norte-americana pode mostrar alguma volatilidade, reagindo também à percepção do fraco crescimento no Brasil, que pode tornar o país menos atrativo para investimentos estrangeiros.
"A demanda dos leilões do final da semana passada parece já ter contemplado a necessidade do mercado e as medidas na Europa já fizeram com que investidores ficassem mais tranquilos. Mas nada impede que a moeda suba de novo. Por enquanto, acredito que possa continuar em torno desse patamar", disse o superintendente de câmbio da Intercam Corretora de Câmbio, Jaime Ferreira.
O sócio-gestor da Vetorial Asset, Sérgio Machado, por sua vez, afirmou que o mercado brasileiro tem tido movimentos exagerados e alguma especulação, tanto com o dólar subindo quanto caindo frente ao real, o que acontece também em função da atuação do BC.
Para ele, o Banco Central vai continuar atento e fazendo a moeda se manter no que chamou de "banda informal" entre R$ 1,90 e R$ 2,10. Perto dos R$ 2,10, o BC poderia voltar a fazer leilões de swap tradicional e, abaixo de R$ 1,90, acredita que aumenta a chance do BC voltar a comprar dólares no mercado à vista.
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