O dólar ficou praticamente estável ante o real nesta quarta-feira (31), encerrando o mês de forte volatilidade com alta acumulada de apenas 2%, abaixo de R$ 1,60.Em setembro, a expectativa por novos estímulos para a economia dos Estados Unidos ameaça intensificar a tendência de queda do dólar em todo o mundo, o que poderia esquentar novamente a disputa do governo contra a valorização do real.
A moeda norte-americana fechou com variação positiva de 0,23 %, a R$ 1,5925, em uma sessão marcada pela rolagem frustrada de um lote de 1,22 bilhão de dólares em contratos de swap cambial reverso.
Em agosto, o inédito rebaixamento da nota da dívida norte-americana pela agência Standard & Poor's, de "AAA" para " AA+", o medo de um agravamento dos problemas orçamentários na Europa e a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos provocaram a maior instabilidade desde a crise de 2008, com o dólar chegando a valer mais de R$ 1,65 na segunda semana do mês.
O que ajudou a tranquilizar os investidores no final de agosto foi a sinalização do banco central norte-americano de que novos estímulos poderão ser usados para evitar uma freada mais brusca da economia. O comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed) já ampliou a duração de sua próxima reunião para dois dias, em 20 e 21 de setembro.
Um programa de estímulo monetário via compra de títulos no mercado provocou no fim do ano passado e no começo de 2011 uma tendência de queda do dólar em todo o mundo.
Mas o economista-chefe da corretora BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, alerta para um contra-ataque do governo caso o dólar volte a cair. "Está claro que, se o mercado começar a querer jogar (o dólar para baixo), o governo pode aumentar (o imposto sobre derivativos) para 2, 3, 4 %", disse.
Barbutti se referia ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1 % sobre operações com derivativos que aumentem posições vendidas líquidas em dólares acima do patamar de 10 milhões de dólares.
O economista, que é cético a respeito de novas medidas de estímulo nos Estados Unidos, avalia também que é preciso monitorar a condução da política monetária na Europa, onde o Banco Central Europeu (BCE) pode sinalizar uma postura menos agressiva com a inflação na reunião de 8 de setembro.
"Se vai ter muita volatilidade? Minha impressão é que não. Mas é claro que tudo ainda é muito frágil", afirmou.Mesmo em um cenário de volta da volatilidade, analistas do Citigroup destacaram que o mercado de câmbio no Brasil tem sido bastante resistente às instabilidades globais, "talvez por causa do aumento considerável das reservas internacionais desde 2008", escreveram.
Por isso, preveem que o dólar fique preso na faixa entre 1,58 e R$ 1,60 até o fim do ano, "desde que as commodities sigam nos níveis atuais".
As reservas internacionais atingiram em agosto o patamar inédito de 350 bilhões de dólares, quase 70 % a mais do que o registrado durante a crise de 2008.
Em setembro, o mercado monitora ainda a volta das férias de verão no Hemisfério Norte, normalmente acompanhada por um retorno das emissões de ações e títulos de dívida. O fluxo cambial ao país, no ano, já soma 61 bilhões de dólares.
Nesta quarta-feira, a taxa Ptax, calculada pelo Banco Central e usada como referência para os ajustes de contratos futuros e outros derivativos de câmbio, fechou a R$ 1,5872 para venda, em baixa de 0,20 %.