O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou nesta quinta-feira (10) em baixa de 1,08% R$ 2,191, o menor valor desde 30 de outubro, após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) pela manhã. No documento, o Banco Central diz que a política monetária deve permanecer vigilante e argumenta que as decisões futuras serão definidas "com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas".
Na avaliação de analistas ouvidos pela reportagem, isso indica que pode haver novas altas do juro básico, a taxa Selic, para conter a inflação, caso o IPCA (índice de preços oficial do governo) não ceda. A Selic já subiu nove vezes desde março de 2013, quando estava no menor patamar histórico, de 7,25% ao ano. Hoje, a taxa está em 11% ao ano.
Elad Revi, analista da Spinelli Corretora, acredita que o Copom suba a Selic e mais 0,25 ponto percentual na próxima reunião, em 27 e 28 de maio. "Acho que tem espaço para isso porque estamos nos aproximando da Copa e das eleições, que são períodos de gastos do governo, que também pressionam a inflação", afirma.
André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, também aposta em uma alta de 0,25 ponto percentual do juro básico."No final de maio, o IPCA já vai estar muito perto do teto [estipulado pelo governo, de 6,5% no ano], ou ter até mesmo superado esse patamar. Não tem clima para o Banco Central parar [de subir a taxa]. O BC vai ter que dar mais uma alta para o mercado entender que há um processo de vigilância", diz ele, que acredita que a inflação deve chegar a 6,9% em setembro.A alta dos juros tem dois efeitos sobre a inflação: tende a reprimir o consumo, o que desincentiva aumentos de preço, e atrai investidores estrangeiros, aumentando o fluxo de dólares para o país. Com isso, a cotação da moeda americana cai, o que ajuda a baixar preços de importados.
Ações
No mercado de ações brasileiro, o Ibovespa, principal índice, caiu pelo terceiro dia seguido: baixa de 0,11%, aos 51.127 pontos.A queda, porém, foi menos intensa do que a das principais Bolsas do exterior, que refletiram dados negativos da China. As exportações da segunda economia mundial caíram 6,6% em março em relação ao mesmo mês do ano passado. As importações recuaram 11,3% em março na mesma base de comparação.
Às 18h04, na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones caía 1,62%. O Nasdaq, índice de empresas de tecnologia, tinha 3,10%, com a queda intensificada pela venda de ações ligadas à internet. Para Perfeito, da Gradual, a venda em massa desses papéis ocorre porque eles se valorizaram rapidamente. "Os analistas entendem que essas ações já chegaram em um patamar bem elevado", diz.
De acordo com o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo a situação chinesa desfavorece o Brasil, que tem no país asiático seu principal parceiro comercial. "O Brasil é essencialmente um exportador de commodities [matérias-primas], então essa redução de importações, de uma forma ou de outra, já nos causa prejuízos, porque nossa força de exportação não será tão boa quanto se espera", diz.
No Ibovespa, os papéis da Eletrobras fecharam em alta de 2,64%, favorecido por apostas de que a empresa vai vender distribuidoras para se recapitalizar, de acordo com analistas.