O dólar à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, fechou esta quarta-feira em alta de 0,75% em relação ao real, cotado a R$ 1,987 na venda, apesar de dados positivos da economia americana terem diminuído temores sobre o crescimento dos EUA e ofuscaram preocupações com a China.
O início de construção de novas moradias nos Estados Unidos aumentou em março para o maior nível desde 2008, enquanto o índice de preços ao consumidor do país caiu em março, dando espaço para o banco central americano manter seu programa de estímulo monetário.
Ontem, o dólar à vista subiu 0,63%, depois que dados mostraram que a China cresceu 7,7% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano anterior, abaixo dos 8% previstos por economistas.
Analistas alertavam, no entanto, que as tensões entre as Coreias e o atentado na maratona de Boston deixaram os investidores cautelosos, e que tais temores podem levar a uma corrida por dólares, considerado um ativo mais seguro. O dólar comercial, utilizado no comércio exterior, fechou em leve queda de 0,3%, cotado a R$ 1,991 na venda.
Alta do Juro BásicoApesar da alta do dólar hoje, especialistas consultados pela Folha de S.Paulo dizem que a moeda tende a cair nos próximos meses, especialmente porque o mercado já espera por um novo ciclo de aperto monetário no país.
Com a taxa básica de juros -a Selic- mais alta, mais investidores estrangeiros virão para o Brasil, em busa de maiores rendimentos. A oferta maior da moeda no país força a queda de sua cotação em relação ao real.
A economista Priscila Godoy, da consultoria Rosenberg & Associados, avalia que o aumento da inflação em 12 meses "é preocupante" e deve forçar a autoridade monetária nacional a elevar a Selic o quanto antes. Nos 12 meses até março, a inflação no país teve alta de 6,59%, acima do teto de 6,5% da meta estabelecida pelo governo para o ano."O Banco Central acaba perdendo credibilidade. Embora já fosse esperado que a inflação deveria ultrapassar o teto da meta do governo em 12 meses, não podemos ver isso com tranquilidade", disse Priscila.
A economista defende que uma alta na taxa básica de juros nacional já em abril pode ser positiva porque anteciparia o fim do novo ciclo de aperto monetário."Quanto antes o BC der início ao aperto monetário, mais breve virão os impactos positivos à inflação e, consequentemente, a duração do ciclo de aumento da Selic pode ser menor", completou Priscila.
A reunião do Copom (Comitê de Política Econômica do Banco Central) teve início hoje, em Brasília, mas a decisão sobre os rumos da Selic só será conhecida na noite de amanhã.