O dólar fechou em leve alta ante o real nesta terça-feira (12), com a atuação mais forte do Banco Central amortecendo os temores vindos com a crise na Ucrânia e seus possíveis impactos sobre a economia global. A moeda norte-americana subiu 0,18%, a R$ 2,2785 na venda, após chegar a R$ 2,2850 na máxima da sessão. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,5 bilhão de dólares. "Não adianta empurrar muito o dólar para cima se você sabe que o BC está de olho", disse o economista da área de análise da XP Investimentos, Daniel Cunha.
Boa parte do mercado já vê o nível de R$ 2,30 como um novo teto informal e, quando a moeda norte-americana se aproxima dele, os investidores passam a realizar lucro. A avaliação é de que, nestes patamares, o câmbio poderia prejudicar a inflação, desagradando ao BC, que intensificou sua atuação diária no mercado nesta semana.
Há quase duas semanas o dólar tem sido negociado acima de R$ 2,25, deixando para trás o teto da banda informal de flutuação -- entre R$ 2,20 e R$ 2,25 -- que vigorou desde abril passado com alguns breves períodos de exceção. Para alguns especialistas, o intervalo de flutuação pode ter mudado de patamar, com a divisa passando a oscilar entre R$ 2,25 e R$ 2,30.
Nesta manhã, a autoridade monetária vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em setembro, no segundo leilão ofertando mais papéis. Ao todo, o BC já rolou cerca de 30 por cento do lote total, que corresponde a 10,070 bilhões de dólares.
O BC também deu continuidade às suas intervenções diárias e vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, com volume equivalente a 198,8 milhões de dólares. Foram vendidos 3 mil contratos para 2 de fevereiro de 2015 e 1 mil para 1º de junho de 2015.
Durante a manhã, o dólar chegou a registrar altas maiores, refletindo os temores ligados à crise na Ucrânia. "O cenário tenso no exterior com certeza pesa no ânimo aqui, mesmo quando não é um dia de grandes notícias", disse o operador de câmbio da corretora B&T, Marcos Trabbold.
A crise na Ucrânia colocou em lados opostos o Ocidente e a Rússia e já motivou sanções de ambos os lados. Nesta manhã, o instituto ZEW informou que a confiança de investidores e analistas da Alemanha caiu ao menor nível em mais de um ano e meio, explicando que as tensões no exterior estavam provavelmente por trás do resultado.
Investidores também monitoram atentamente a situação no Iraque, onde o presidente nomeou novo primeiro-ministro na segunda-feira para substituir Nuri al-Maliki e os Estados Unidos bombardearam insurgentes do Estado Islâmico. "Não dá para operar com muita tranquilidade sabendo que há tantos pontos delicados no cenário geopolítico", resumiu o operador de uma corretora internacional. No exterior, essas preocupações levavam o dólar a se fortalecer contra o euro.
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