O dólar cravou a quarta baixa seguida ante o real nesta quinta-feira (2), na maior sequência do tipo em cerca de dois meses, reagindo ao otimismo externo em meio a perspectivas de alívio na crise europeia e a dados sugerindo recuperação na economia norte-americana.
No fechamento, a cotação recuou 0,23%, a R$ 1,703 na venda, mantendo-se nos menores níveis em mais de três semanas.
"O clima no exterior hoje está positivo. Bolsas em alta, dólar lá fora em queda. Apenas estamos acompanhando", disse Luiz Antônio Abdo, gerente de câmbio da corretora Souza Barros.
O índice MSCI de ações mundiais e o euro davam sequência à alta da véspera, em meio a notícias de que o Banco Central Europeu (BCE) estaria dando suporte a títulos públicos de Portugal e Irlanda por meio da intervenção direta no mercado.
Dados nos EUA também motivaram maior apetite por risco. As vendas pendentes de casas mostraram um inesperado crescimento em outubro, enquanto as vendas de automóveis subiram mais que o esperado no mês passado.
Suporte a R$ 1,70
Apesar do otimismo, a moeda não conseguiu romper o suporte de R$ 1,70, com profissionais apontando posições em torno desse patamar, também diante da avaliação de que o governo voltaria a atuar mais incisivamente para frear uma queda mais acentuada da divisa norte-americana.
"Esse é o nível em que o pessoal começa a ficar de olho para ver se o Banco Central vai entrar mais forte. O BC colocou as 'barbas de molho', não precisou agir diante da turbulência do próprio mercado. Mas se de repente (o dólar) começar a cair muito, ele pode lançar mão sim de ferramentas para impedir uma queda maior", disse Abdo.
Desde o último dia 10 a autoridade monetária não realiza dois leilões de compra de dólares no mercado à vista. No período, a moeda chegou a alcançar o pico em dois meses e meio ante o real, respondendo ao recrusdecimento da crise na Irlanda que recentemente derrubou o euro ao piso em mais de dois meses contra o dólar.
Com a cotação ainda acima de R$ 1,70, o BC manteve apenas um leilão de aquisição de dólares, definindo a taxa de R$ 1,7022 como corte.
O operador Marcos Trabbold, da B&T Corretora, citou ainda que "travas" de posições também desfavoreceram a queda do dólar abaixo de R$ 1,70.
"De manhã ele (o dólar) até testou esse nível, mas não conseguiu recuar mais. O volume está fraco também e até para quem quer fazer movimento especulativo está complicado derrubar a moeda abaixo de 1,70 (real)."