Atualizado em 29/03/2006 às 19h25
O dólar fechou em alta, pelo terceiro dia consecutivo, mas o estresse com a troca de ministro na Fazenda e a possibilidade de continuidade da alta dos juros nos Estados Unidos diminuiu bastante. A moeda americana, que abriu em alta de 1,40%, fechou o dia com valorização bem menor, de 0,23%, cotada a R$ 2,212 na compra e R$ 2,214 na venda.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) conseguiu recuperar as perdas do pregão de terça-feira, dia marcado pela estréia do ministro Guido Mantega na Fazenda e da alta dos juros nos Estados Unidos. O Ibovespa operou no campo positivo o dia todo e fechou a quarta-feira em alta de 2,21%, com 37.491 pontos e volume financeiro de R$ 2,171 bilhões.
Dólar
Para Marcelo Voss, economista-chefe da Corretora Liquidez, o dólar subiu mais por conta do cenário externo, de um movimento de ajuste global, com a rentabilidade dos títulos do Tesouro americano chegando no teto, do que em razão do efeito Mantega.
A tranqüilidade, no entanto, não está totalmente garantida. Tudo vai depender das demonstrações do governo de continuidade da política econômica. Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não há mágica na economia e, por isso, o controle da inflação vai continuar. O relatório da CPI dos Correios, uma preocupação do mercado, acabou poupando o presidente Lula, trazendo alívio, ainda que momentâneo. O dólar, que semanas atrás atingiu o patamar mais baixo dos últimos cinco anos, segue em alta desde o início da semana.
- A volatilidade deve permanecer neste ano de eleições. Os investidores estrangeiros já reduziram o volume de recursos para o país. A possível reeleição do presidente Lula, que não era vista como problema para o mercado, já começa a preocupar, já que nomes de peso saíram do governo - disse Voss.
Para tranqüilizar o mercado, o ministro Guido Mantega chegou a corrigir algumas informações ontem, em seu primeiro dia de governo. Mas se mostrou contrário a duas propostas defendidas pelo antecessor, Antonio Palocci. A primeira é a adoção de um programa de longo prazo de ajuste nas contas do governo e a outra é a redução do Imposto de Importação para alguns produtos.
Bovespa
Sussumo Assai, analista da Corretora Itaú, disse que o mercado recuperou hoje o exagero de ontem, quando a bolsa paulista foi arrastada por Wall Street e caiu mais de 2,5%. Na sua avaliação, apesar da alta neste pregão, a volatilidade deve continuar.
- Estamos muito atrelados às bolsas americanas, que caem com a continuidade da alta dos juros nos Estados Unidos. A janela que se abriu ontem, de uma queda enorme, tende a se estreitar, mas a volatilidade continua - disse Assai.
As ações da Light despencaram 19,37% nesta quarta-feira, registrando a maior perda entre os ativos. Na terça-feira, a francesa EDF vendeu para o consórcio brasileiro RME (Rio Minas Energia Participações) 79,6% do capital social da Light. A EDF permanecerá como acionista minoritária da Light.
O preço de venda da empresa foi menor do que o mercado esperava. Segundo Sussumo Assai, isso fez os investidores ajustarem o preço das ações, que consideravam um preço maior da empresa. O lote de mil terminou vendido a R$ 14,90.
Entre as ações mais negociadas hoje estiveram Petrobras PN, Vale do Rio Doce PNA e Bradesco PN. As principais altas foram de Eletrobras PNB (6,81%), Eletrobras ON (6,43%) e Net PN (6,06%).
Risco
O risco-país caiu 4 pontos e fechou o dia em 233 pontos centesimais, na mínima do dia. Na máxima, chegou a 242 pontos-base. Os títulos brasileiros negociados no exterior subiram. O Global 40, título de 40 anos, subiu 0,59%, para 128,75% do valor de face. O A Bond subiu 0,46%, para 108,88% do seu preço.PARALELO - O dólar paralelo fechou o dia estável em São Paulo, a R$ 2,220 na compra e R$ 2,320 na venda. O dólar turismo caiu 0,22% em São Paulo, cotado a R$ 2,150 na compra e R$ 2,300 na venda.