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A alta vista mais cedo nesta quarta-feira ocorreu após números fortes sobre a economia dos Estados Unidos, que mostraram alta de 2% nos pedidos de bens duráveis | Lucas Jackson/Reuters
A alta vista mais cedo nesta quarta-feira ocorreu após números fortes sobre a economia dos Estados Unidos, que mostraram alta de 2% nos pedidos de bens duráveis| Foto: Lucas Jackson/Reuters

O dólar fechou em queda ante o real nesta quarta-feira (26), após três pregões seguidos de alta, mas continuou no patamar de R$ 3,60, após a comissão mista no Congresso Nacional aprovar a elevação da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), aumentando a expectativa de maior necessidade de proteção cambial pelo bancos, o que desencadearia mais venda da divisa norte-americana.

A moeda norte-americana caiu 0,19%, a R$ 3,6014. Na máxima da sessão, o dólar chegou a subir 1,33%, a R$ 3,6563, maior patamar intradia desde 14 de fevereiro de 2003 (R$ 3,6700).

Nesta tarde, a comissão mista no Congresso aprovou a elevação da alíquota da CSLL para instituições financeiras para 20% até 1º de janeiro de 2019, quando volta a vigorar o percentual de 15%.

Dólar pode retornar a R$ 2,80, afirma ex-ministro Bresser-Pereira

Quando a economia brasileira retomar a confiança perdida na crise atual, o dólar deve voltar ao patamar abaixo de R$ 3, segundo afirmou o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira, em evento promovido pela FGV em São Paulo nesta quarta-feira (26).

A “única coisa boa” que emergiu da atual conjuntura de crise foi o fato de o “mercado ter levado a taxa de câmbio para um lugar bom, o que dá um respiro para a indústria”, afirmou. Bresser disse estar convencido de que o atual patamar não se manterá.

O país, segundo ele, vive uma “sobreapreciação cíclica e crônica” da taxa de câmbio e a taxa se depreciou agora porque as commodities caíram, os Estados Unidos mudaram a apreciação de sua moeda e houve perda de confiança relativa.

“Assim que voltar um pouco de confiança, que os EUA mudarem sua política e que as commodities voltarem não para o boom, mas para um preço normal, nossa taxa de câmbio volta de R$ 3,60 para R$ 2,80 ou R$ 2,90 e a nossa indústria volta a se inviabilizar. Então, temos que fazer alguma coisa sobre isso”, afirmou.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), relatora da proposta, pretendia aumentar a alíquota da CSLL a 23%, mas a comissão optou pelo menor percentual. A Medida Provisória 675 segue ao plenário da Câmara dos Deputados e depois, ao do Senado.

Bancos que têm subsidiárias no exterior costumam se proteger da variação cambial, já levando em consideração impostos que têm de pagar sobre seus ganhos. Com o maior tributo, cresce essa necessidade de “hedge” e, por isso, eles têm de vender mais dólares para cumprir suas obrigações.

“Foi só sair a confirmação e dólar voltou”, resumiu o especialista em câmbio da Icap Corretora, Ítalo Abucater.

Cenário externo

Em cada uma das três sessões anteriores, o dólar subiu mais de 1%, acumulando avanço de 4,3% no período. O movimento dos últimos dias teve como pano de fundo também preocupações com a desaceleração da economia chinesa.

A alta vista mais cedo nesta quarta-feira ocorreu após números fortes sobre a economia dos Estados Unidos, que mostraram alta de 2% nos pedidos de bens duráveis, enquanto analistas esperavam queda de 4%.

Mas investidores vêm colocando em dúvida a possibilidade de o Federal Reserve, banco central norte-americano, dar início ao aperto monetário ainda neste ano em meio à intensa volatilidade financeira, desencadeada pelo tombo das bolsas chinesas.

As incertezas sobre o cenário político interno e a apreensão com a China também pesaram nesta sessão. “O mercado está repleto de incertezas”, disse mais cedo o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

No Brasil, o quadro político conturbado também pesou sobre o ânimo dos investidores, após a maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) votar na véspera pela continuidade da ação que pede a cassação da presidente Dilma Rousseff. Incertezas sobre a possibilidade de ela não terminar seu mandato têm provocado intensa pressão sobre os mercados financeiros locais.

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Intervenção

A volatilidade no mercado de câmbio foi acentuada também porque investidores se questionavam sobre a possibilidade de o Banco Central aumentar sua intervenção no câmbio para atenuar o avanço do dólar, que tende a pressionar a inflação.

“Na última vez em que o dólar subiu com tanta força, o BC agiu, mas agora está dando de ombros”, disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 11 mil contratos de swap cambial tradicional, que equivalem a venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence no próximo mês. Ao todo, o BC já rolou US$ 8,621 bilhões, ou cerca de 86%, do total de US$ 10,027 bilhões e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote.

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