O dólar iniciou o mês praticamente estável frente ao real, acompanhando a oscilação da moeda no exterior num dia com atuação menos intensa por parte do Banco Central.
Nesta terça-feira, a divisa encerrou com variação positiva de 0,06 por cento, a 1,664 real. A faixa de oscilação se manteve restrita: apenas quatro centavos de diferença entre a máxima --1,664 real-- e a mínima da sessão --1,660 real.
"O mercado ainda está ressabiado depois das atuações de ontem. O dólar está num nível em que se cair um pouco mais o Banco Central entra mais forte, e pelo que vejo o pessoal está preferindo dar uma pausa nas tentativas de derrubar mais a cotação", disse Alfredo Barbutti, economista-chefe da BGC Liquidez.
Na véspera, a autoridade monetária interveio de forma ampla no mercado: realizou dois leilões de compra de dólares no segmento a termo, dois no mercado à vista e uma operação de swap cambial reverso. Nesta sessão, o BC resumiu as intervenções a um leilão de aquisição de dólares no mercado à vista e outro a termo.
"(A atuação do BC) é o principal risco à abertura de posições compradas em real. Contudo, a menos que o cenário externo se torne decisivamente negativo, acreditamos que a tendência de alta do real permanecerá intacta, mesmo que em ritmo gradual", escreveu o departamento de câmbio para mercados emergentes do banco francês BNP Paribas, em relatório.
Para Carlos Postigo, gerente de negócios da Casa Paulista Assessoria Bancária, o dólar não cravou uma alta consistente devido à fraqueza da moeda no cenário internacional e à unanimidade de investidores sobre a elevação da Selic na quarta-feira.
"O dólar está fraco lá fora e nesse cenário não tem muito como (a divisa) subir aqui", afirmou.
Contra uma cesta de moedas, a moeda registrava variação positiva de 0,04 por cento no final da tarde, ainda se mantendo na mínima em três meses e meio.
Segundo operadores estrangeiros, o discurso do chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, ao Comitê Bancário do Senado norte-americano nesta terça-feira sugeriu que o banco central do país não deve retirar os estímulos adotados no ano passado, mantendo liquidez abundante.
Além disso, o dólar era desfavorecido por perspectivas de aumento do juro na Europa antes que nos Estados Unidos.
"Essa visão de que o juro não vai subir por lá tão cedo associada à alta da Selic tende a manter o dólar com viés de queda ante o real", comentou Postigo.
Das 21 instituições financeiras consultadas pela Reuters entre os dias 24 de fevereiro e 1o de março, 17 preveem elevação da Selic de 11,25 para 11,75 por cento na quarta-feira, enquanto quatro apostam em alta de 0,75 ponto percentual, para 12,0 por cento .