O dólar voltou a recuar em relação ao real ontem (28), fechando em R$ 2,2620, uma queda de 0,22%. É o menor patamar de fechamento registrado desde 4 de novembro, quando a cotação foi de R$ 2,2460. Segundo analistas, a queda na moeda americana refletiu o resultado das contas públicas de fevereiro. O superávit primário de R$ 2,1 bilhões, puxado pelo desempenho positivo dos governos estaduais e municipais e pelas empresas estatais, ficou acima dos previsões do mercado.
"O dólar iniciou a negociação em alta, sinalizando um ajuste em relação à queda de quinta-feira, mas o resultado primário positivo acabou atraindo forte fluxo de recursos para o mercado, possivelmente de exportadores, o que ajudou a pressionar o dólar", afirmou um operador de um banco.
A valorização do real contrariou um pouco a queda de algumas moedas emergentes ante o dólar, um movimento um pouco diferente do observado nos dias anteriores, quando os ganhos da moeda brasileira andaram em sintonia com os registrados por seus pares. Segundo analistas, essa disparidade foi reflexo exatamente do resultado primário do setor público melhor que o esperado.
Em um aula magna na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu, novamente, que o País vai cumprir a meta fiscal de 1 9% do Produto Interno Bruto (PIB) de superávit primário, mesmo com os problemas do setor elétrico.
Segundo o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca, não deve haver nenhuma mudança no cenário de câmbio até a próxima segunda-feira, quando será fechada a Ptax (taxa de referência para o fechamento das operações de câmbio), tendo em vista que o mercado "deve estar vendido" - ou seja, apostando na queda do dólar. Segundo ele, o mercado estava relativamente calmo ontem (28), no término de uma semana com agenda positiva para as operações. "Com o fim do mês, a tendência é que esse ritmo se mantenha com a formação da Ptax", acrescentou. Na semana, a moeda americana acumulou uma perda de 2,67%.
Futuro
No mercado futuro, o dólar operou com volatilidade na segunda parte da sessão de ontem (28) e acabou fechando em alta no fim da negociação, acompanhando o avanço da moeda americana no exterior. O dólar para abril subiu 0,07%, cotado a R$ 2,2635. O volume de negociação era de cerca de US$ 21 bilhões no vencimento para abril.
Nos leilões de contratos de swaps cambiais - equivalente à venda de dólar no mercado futuro - programados para ontem (28), o Banco Central vendeu toda a quantia ofertada nas duas operações. No primeiro leilão, a instituição vendeu 4 mil contratos de swap cambial ofertados (US$ 198,3 milhões) e na operação de rolagem, 10 mil contratos (US$ 494,3 milhões) que vencem em 1.º de abril. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.