Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Consumo

Dólar menor não barateia produto fino

Ao contrário dos exportadores, que não se conformam com a perda de rentabilidade de seus contratos firmados em dólar, o consumidor se animou com a queda na cotação da moeda americana, na expectativa de levar para casa mais produtos importados. A desvalorização do dólar frente ao real é de 23% desde dezembro de 2004. Parte dessa queda certamente foi transferida para produtos que já alcançam alto volume de vendas. Alguns deles se incorporaram ao dia a dia de tal forma que o consumidor nem sempre percebe que a origem é estrangeira.

"Certamente o consumo de importados cresceu bastante. Eu mesmo descobri que o leite em pó que utilizo é argentino, apesar do rótulo em português. E é bem mais em conta", diz o economista da Fundação Centro de Estudos em Comércio Exterior (Funcex), Fernando Ribeiro.

São produtos encontrados em supermercados, como na rede cascavelense Festval, que procura ter um vasto sortimento de marcas estrangeiras em suas sete lojas do Paraná. O preço de produtos como massas "grano duro", azeite de oliva, vinho, enlatados e doces caiu 8% por conta do câmbio e elevou as vendas. Mas os valores mais baixos também diminuíram o faturamento da loja, e o empresário Carlos Beal decidiu eliminar intermediários para salvar a rentabilidade. Passou a comprar diretamente das fábricas no exterior. "Pudemos baixar o preço em mais 20% para cerca de 200 itens", confirma o gerente Alvino Arantes.

Apesar do número de produtos importados que podem ser encontrados por um preço menor, nem sempre o consumidor percebe vantagem. É o caso de Antônio Mazetto, que desde que o dólar começou a cair está de olho nas bolas de tênis americanas. O consumo na casa dele é alto: são 12 tubos com três bolinhas cada por ano. "Ficou até pior. No meio do ano passou de R$ 17 para R$ 20", reclama.

Produtos especiais, como os alimentos encontrados em butiques de importados, continuam com preço praticamente inalterado. Instalada no Mercado Municipal, a empresária Flávia Rogoski lamenta tamanha estabilidade. "Meus clientes tinham a expectativa de poder comprar mais, mas continuo pagando às distribuidoras o mesmo preço ou até mais", diz. O preço de uma das marcas de óleo de oliva que ela vende já subiu 10% este ano, mas ela optou por não repassar o aumento.

No caso das bebidas importadas, o consumidor vem encontrando alguns preços mais em conta – só que por outras razões, não por conta do câmbio.

"O vinho frizante caiu de preço porque tem muita opção no mercado. Temos sete tipos de lambrusco", exemplifica o sommelier da Queijos e Vinhos, também do Municipal, Valdo Santos. "Não é o dólar que dita o preço e sim a concorrência", concorda o distribuidor de bebidas para eventos Ricardo Luciano.

O preço do uísque também foi remarcado, o que é atribuído à estratégia de reposicionamento dos importadores. "Eles baixaram o preço de todas as categorias para estimular o consumidor a pagar um pouco mais e tomar uma bebida de qualidade superior", explica Santos. Com isso, na distribuidora de Luciano o Ballantines Finest caiu este ano de R$ 55 para R$ 43,90.

A proprietária da Queijos e Vinhos, Marli Ramos, acrescenta outra explicação para a queda de preço. "Às vezes ele baixa porque o comprador traz um contêiner lotado com o produto", explica.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.