A cotação do dólar opera em queda nesta sexta (20) em meio à aprovação das medidas de corte de gastos do governo, que ainda têm uma proposta em análise pelo Senado, e a novos leilões do Banco Central para amenizar as negociações da moeda norte-americana.
Desde a abertura do mercado financeiro, o dólar opera na faixa dos R$ 6,07 a R$ 6,09, embora tenha atingido um pico de R$ 6,11 no meio da manhã. A cotação está em torno de 0,60% abaixo do negociado na quinta (19), em que recuou para R$ 6,12 com intervenção da autoridade monetária após dias de recordes.
A expectativa é de que o Banco Central coloque mais US$ 7 bilhões à venda nesta sexta (20), atingindo US$ 15 bilhões em apenas dois dias para segurar o câmbio da moeda. No acumulado do mês, desde que o dólar começou a disparar nas mesas de negociação, a autoridade monetária já injetou US$ 28 bilhões no mercado.
Apesar da oscilação recorde nos últimos dias, o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, descartou a possibilidade de que esteja ocorrendo um ataque especulativo do mercado financeiro para desvalorizar o real. Para ele, o que está acontecendo é um movimento natural das negociações.
“Quando o preço de ativo [como o dólar] se mobiliza em uma direção, têm vencedores e perdedores. Ataque especulativo não representa bem como o movimento está acontecendo no mercado hoje”, disse Galípolo em uma entrevista coletiva na quinta (19) com o atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.
Ele ainda pontuou que “o Banco Central tem muita reserva e vai atuar quando necessário”, sendo emendado por Campos Neto de que se confirmou uma saída atípica de dividendos para o exterior “acima da média, com resultado maior”, inclusive de pessoas físicas.
Esse movimento a valor do dólar ocorre pela desconfiança do mercado financeiro com a desidratação do ajuste fiscal no Congresso, além do cenário econômico internacional. Apesar disso, líderes do governo afirmam que a meta de economia será apenas um pouco menor do que o previsto inicialmente, mas que outras serão adotadas para se cumprir as regras do arcabouço fiscal.
“A expectativa é de uma economia de R$ 60 bilhões. Mas serão feitas outras medidas para manter o arcabouço”, disse o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) à rádio CBN. Ele ainda reforçou que o pacote fiscal “será sancionado” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assim que for totalmente aprovado.
As medidas aprovadas pela Câmara ainda precisam passar pelo Senado, como a alteração do cálculo do reajuste do salário mínimo e das regras de acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). A meta inicial do governo era economizar R$ 70 bilhões em dois anos.
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