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Após ultrapassar a cotação de R$ 1,90 nesta quinta-feira, o dólar comercial oscila fortemente. A moeda americana começou o pregão às 9h, com valorização de 3,32% a R$ 1,927 frente ao dia anterior, atingiu a máxima de 5,25% a R$ 1,963 às 11h26, amenizou valorização a partir de 11h30 com a venda de US$ 2,75 bilhões no mercado futuro pelo Banco Central, chegou a operar em baixa entre 13h35 e 14h49, e, por volta de 15h18, subia novamente, dessa vez 1,12% a R$ 1,886 na venda e a R$ 1,884 na compra.

Em nota divulgada às 15h10, o Banco Central disse que "poderá voltar a atuar, a qualquer momento, de modo a assegurar condições apropriadas de liquidez nos mercados de câmbio".

Já o mercado de ações tem um dia de perdas intensas. O Ibovespa, índice de referência do mercado, acompanhava os mercados internacionais e desabava 5,36%, aos 52.979 pontos. Petrobras PN caía 5,53%, a R$ 19,46, Vale PNA tombava 4,92%, a R$ 41,31, e OGX Petróleo ON perdia 7,33%, a R$ 11,49.

A valorização da moeda americana só foi amenizada pela venda de contrato de swap tradicional pelo Banco Central, que corresponde a uma venda de dólares no mercado futuro com o objetivo de frear a alta da cotação. A última vez que o BC interveio no mercado para vender dólares com esse tipo de operação foi em 26 de junho de 2009. Dos 112.290 contratos que poderiam ser oferecidos pelo BC, foram vendidos 55.075 contratos (US$ 2,75 bilhões) nesta quinta-feira.

"O desespero do mercado fez com que o BC atuasse, mas não precisava de tanto dólar. Teve muito especulador nos últimos dias", diz o gerente da mesa de câmbio da corretora Icap Brasil, Ítalo Abucater.

O dólar não termina uma sessão negociado acima de R$ 1,90 desde 1º de setembro de 2009. Na quarta-feira, a moeda americana fechou cotada em R$ 1,865, alta de 4,25% sobre o dia anterior, o que foi a maior expansão em termos percentuais desde 22 de outubro de 2008. O dólar não fechava acima de R$ 1,80 desde 30 de junho de 2010.

Para analistas, o dólar valorizou mais sobre o real, em comparação a outras moedas, porque havia mais capital financeiro do exterior concentrado no país.

"Estrangeiros tinham mais aplicações em real do que em outras moedas, porque o Brasil foi o queridinho do mercados nos últimos anos. Quando é pra liquidar, aquilo que foi mais comprado é o que mais cai", disse o economista Tony Volpon, diretor de pesquisa econômica nas Américas do banco japonês Nomura, em entrevista ao GLOBO, por telefone de Nova York.

A escalada do dólar desta quinta-feira foi precipitada pelo comunicado do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) divulgado na quarta-feira, que anunciou a injeção de US$ 400 bilhões para reativar a economia. A decisão fez investidores fugirem de investimentos mais arriscados em países emergentes como o Brasil, avalia Volpon. No documento do Fed, um trecho particularmente pessimista é o que diz que "existem riscos de deterioração significativa para a perspectiva econômica, incluindo feridas nos mercados financeiros globais".

Em setembro, das 16 principais moedas acompanhadas pelo mercado, o real tinha a maior desvalorização ante o dólar.

Essa aversão ao risco de estrangeiros só agravou a tendência de desvalorização do real inspirada pelo corte de 0,5 ponto da taxa básica de juros para 12% ao ano e pela cobrança de 1% de IOF sobre o saldo líquido de posições vendidas em dólar futuro. A taxação dos contratos de derivativos que apostam na valorização do real foi instituída em julho, quando o governo queria frear a desvalorização do dólar. Mas os tempos mudaram e a tendência atual é de valorização, só agravada pela tributação do dólar futuro e juros menores.

"O feitiço virou contra o feiticeiro. Até o fim do ano, o governo vai acabar abrindo mão do IOF no dólar futuro. E não vai mais reduzir o juro para trazer o gringo de volta e reduzir a inflação", avalia Abucater, da Icap Brasil.

Mercado externo

As bolsas americanas e europeias despencavam nesta quinta-feira após o anúncio na véspera de injeção de US$ 400 bilhões na economia pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) e a divulgação de indicadores de desaceleração na China e na Alemanha.

Em Wall Street, o Dow Jones tombava 3,82%, S&P 500 recuava 3,51% e Nasdaq perdia 3,23%.

As bolsas europeias fecharam em forte queda. O Euro Stoxx 50, índice com 50 ações das principais empresas da zona do euro, tombou 4,90%. Em Londres, o FTSE 100 desabou 4,67%. Em Paris, o CAC 40 perdeu 5,25%. Em Frankfurt, o DAX derreteu 4,96%. Em Madri, o IBEX 35 retrocedeu 4,62%. Em Milão, o FTSE MIB teve forte queda de 4,52%.

A preocupação aumentou nesta quinta-feira depois que o índice PMI da China do HSBC mostrou que a indústria encolheu pelo terceiro mês consecutivo em setembro, indicando uma desaceleração na segunda maior economia do mundo. Também causou apreensão a divulgação de que a atividade econômica na Alemanha registrou a taxa mais fraca em dois anos em setembro e as encomendas caíram pelo terceiro mês consecutivo.

O BC americano informou na quarta-feira, em comunicado, que até o fim de 2012 vai comprar US$ 400 bilhões em títulos da dívida do Tesouro de longo prazo. Ao mesmo tempo, a autoridade monetária pretende vender o mesmo valor em títulos de curto prazo (três anos ou menos) para tentar estimular uma queda nas taxas de juros de empréstimos do setor privado, uma forma de estimular a economia.

As bolsas de valores asiáticas desabaram nesta quinta-feira, depois do alerta do Federal Reserve para os "riscos significativos" que a economia dos Estados Unidos enfrenta, enquanto dados mostraram evidência maior de desaceleração na China.

Em Tóquio, o índice Nikkei caiu 2,07%. O índice de Seul encerrou em baixa de 2,90%. O mercado tombou 4,85% em Hong Kong, e a bolsa de Taiwan retrocedeu 3,06%, enquanto o índice referencial de Xangai perdeu 2,78%. Cingapura declinou 2,55% e Sydney fechou com desvalorização de 2,63%.

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