A cotação do dólar paralelo voltou a disparar na Argentina e chegou a se distanciar mais de 40% do dólar oficial. Em algumas "cuevas" (casas de câmbio clandestinas), a moeda foi vendida por 6,80 pesos, enquanto no mercado oficial seu valor é de 4,59.
Para economistas, a subida está relacionada a novas medidas de restrição para a compra impostas pelo governo. Desde dezembro, Cristina Kirchner tem adotado medidas para limitar a fuga de capitais, um problema crônico da Argentina, que no ano passado atingiu US$ 20 bilhões.
Primeiro, a Afip (Receita Federal) passou a exigir justificativas de renda para vender a moeda. Depois, restringiu-se a compra de dólares para viagens turísticas, proibiu-se que as operações fossem pagas com dinheiro vivo e vetou-se que o dólar fosse vendido para fins de poupança.
"As imposições [...] geram uma reação de defesa por parte das pessoas, e o reflexo é que se compra mais dólares no mercado negro e que se gasta mais com bens duráveis. Ninguém quer ficar com pesos na mão", diz Marina Dal Poggeto, da Bein consultoria.
O governo diz que está empenhado na pesificação da economia e que não se preocupa com os compradores do mercado paralelo, por se tratarem de "uma minoria". A disparada do dólar foi acompanhada à distância pela presidente Cristina Kirchner, que passou o dia ontem na Bolívia.
A restrição à compra de dólares é um dos assuntos mais destacados do noticiário local. Sem confiança no sistema bancário, argentinos utilizam a moeda como primeira opção para a poupança.