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Turbulências nos mercados

Dólar passa de R$ 2 pela primeira vez em três meses

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que a crise nos mercados internacionais não vai causar problemas na economia brasileira. O dólar ultrapassou os R$ 2 pela primeira vez em três meses em mais um dia de grande volatilidade nos mercados de ações de todo o mundo. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encostou nos 50 mil pontos, nível mais baixo desde 3 de maio.

- A turbulência externa não vai causar problema ao Brasil - assegurou Lula, ao chegar ao Palácio do Itamaraty para almoçar com o presidente do Benin, Boni Yaji.

Lula sinalizou ainda que o governo não vai tomar medidas em relação ao dólar.

- É um dólar flutuante. O que é importante é que a economia brasileira vive um momento de tranqüilidade enorme. Vocês estão vendo que não precisou nenhum ministro correr para Washington, para Nova York. Nós estamos com as contas realmente equilibradas, temos reservas suficientes. E o que é importante aqui é que o dólar vai se ajustando na medida que a economia vai exigindo mudanças. Por isso que é flutuante - afirmou.Mercados têm fortes oscilações

Às 15h30, o dólar comercial era negociado em alta de 0,96%, a R$ 2,005. O valor é mais alto desde 15 de maio, quando a moeda caiu para menos de R$ 2 pela primeira vez desde 2001. Após fortes oscilações, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, caía 1,36%, aos 50222 pontos. O movimento financeiro era de R$ 6,8 bilhões, volume bem acima da média. O risco-país caía 0,51%, para 196 pontos.

Assim como o Ibovespa, os mercados americanos abriram em queda após os pregões asiáticos despencarem. Entretanto, após a divulgação de alguns indicadores econômicos dos Estados Unidos, as bolsas dos Estados Unidos passaram a oscilar entre os terrenos positivo e negativo, puxando o mercado brasileiro.

A queda dos mercados asiáticos e que acabou influenciando as bolsas do Ocidente foi puxada pelos anúncios de perdas de um fundo na Austrália e de outro no Japão com a crise no mercado imobiliário americano.

O Fed (banco central americano) voltou a injetar recursos, disponibilizando mais US$ 7 bilhões em linhas de crédito para instituições financeiras .

Ainda na Bovespa, a maior baixa entre as ações que fazem parte do Ibovespa era da Embraer. Os papéis Embraer ON, caíam 6%, para R$ 21,60, após a empresa divulgar queda nos lucros de 48,8% .

Volatilidade deve continuar, diz economista

A economista-chefe da Mellon Global Investments-Brasil, Solange Srour, avalia que o dia no mercado financeiro ainda não está definido e que a volatilidade deve continuar alta.

- A gente está em um ambiente com forte volatilidade. O mercado não está se baseando em fundamentos econômicos - afirmou a economista.

No começo do dia, o governo americano mostrou que o índice de preços ao consumidor americano subiu 0,1% em julho depois de avançar 0,2% um mês antes. Outro indicador, sobre a produção industrial dos Estados Unidos mostrou crescimento de 0,3% no mês passado, número que veio acima das expectativas.

Segundo Solange, os indicadores da produção industrial vieram melhores do que o previsto mas o da inflação americana veio um pouco acima do esperado.

Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, que abriu em baixa, chegando a ficar abaixo dos 13 mil pontos, o que não aconteceia desde 25 de abril. No fim da manhã, no entanto, inverteu a tendência e, às 13h40 (horário de Brasília), subia 0,19%, para os 13.053,5. Já o eletrônico Nasdaq subia 0,21%, aos 2.503,12 pontos.

Na Indonésia, queda chegou a 6%

Nos mercados de ações asiáticos, a pior queda nesta quarta foi na Indonésia, onde o Jakarta Composite Index caiu 6,44%, aos 2029,08 pontos.O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio caiu 396 pontos (2,24%) e encerrou o pregão com 16.475,61 unidades, seu nível mais baixo desde dezembro de 2006.

Além da crise no setor imobiliário nos Estados Unidos que trouxe novos anúncios de perdas em um fundo na Austrália e outro no Japão, a valorização do iene frente ao dólar contribuiu para a quda na Bolsa de Tóquio. Analistas acreditam que as preocupações com a economia americana podem inibir o Banco Central japonês com relação à taxa de juros, que deveria ser alterada no fim do mês.

Em Hong Kong, houve queda de 2,7%. Em Seul, a queda foi mais leve mas também expressiva: 1,7%. Na Bolsa de Cingapura, a queda foi de 3,39%. Em Manila, nas Filipinas, as perdas foram de 4,08%.

Na Europa, as principais bolsas tinham tendências diferentes. Em Londres, na Grã-Bretanha, o índice geral FTSE-100 caía 0,56%. Já na Bolsa de Valores de Frankfurt, na Alemanha, o índice DAX 30 registrava alta de 0,28%. Em Paris, na França, o índice CAC-40 recuava 0,66%.

Na terça-feira no Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo fechou em queda de 2,90% aos 50.912 pontos, com volume financeiro de R$ 5,080 bilhões.

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