O dólar quebrou o jejum diante do real nesta terça-feira (10), marcando o primeiro dia de negócios de alta em novembro em meio a ajustes no exterior e de expectativa quanto a novas medidas do governo para frear a tendência de valorização do real.
A moeda norte-americana subiu 0,94%, a R$ 1,717. Ainda assim, o dólar acumula baixa de 2,22% em novembro, com cinco quedas em seis sessões.
O gatilho para a recuperação pontual da divisa norte-americana foi o movimento de correção internacional, com baixa das bolsas de valores e do preço das commodities.
Às 16h32, o índice do dólar em relação às principais moedas subia 0,14%.
Influências
Operadores no exterior afirmaram que a realização de lucros deste pregão teve mais motivos técnicos que estruturais. O euro, por exemplo, havia voltado a superar o patamar psicológico de US$ 1,50, e havia espaço para vendas.
Em meio ao fraco noticiário do dia, o destaque foi o alerta da agência de risco Fitch, que comentou que a Grã-Bretanha é o país que mais corre risco de ver seu rating rebaixado entre as grandes economias por causa da crescente dívida.
A alta do dólar, porém, era mais forte no Brasil do que em outros lugares do mundo por causa da expectativa do mercado sobre possíveis medidas adicionais que o governo estudaria para tentar frear a valorização do real.
Expectativa
Para analistas, o desconforto do governo com a queda do dólar, que já acumula mais de 25% em 2009, abre espaço para outras medidas, que complementariam o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de capital estrangeiro em ações e renda fixa adotado em outubro.
"Estamos tendo uma sobrevalorização da moeda brasileira, o que dá situação vantajosa para outros países comerciarem com o Brasil", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em evento com empresários e autoridades italianas nesta terça-feira.
"Hoje, o real tem uma sobrevalorização de 23% sobre o euro", quantificou.
Nesta terça-feira, por exemplo, o jornal "O Estado de S. Paulo" publicava que pode haver um aumento na exigência de margens de garantia em algumas operações no mercado futuro, para evitar a montagem de grandes posições a favor da queda do dólar. Outra possibilidade é o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre algumas operações.
"O que é certo é que o ruído considerável em torno das novas medidas para frear a entrada de capitais e a apreciação do real se tornou perturbador para o bom funcionamento da economia", criticou Paulo Leme, do banco de investimento Goldman Sachs, em relatório.
Moacir Marcos Júnior, operador de câmbio da Finabank, tem opinião semelhante. "Esses balões de ensaio que o governo fica soltando não ajudam, porque tiram o vendedor do mercado."