A expressiva melhora nos mercados internacionais conduziu o dólar nesta terça-feira (3) à maior queda diária em mais de dois meses, com investidores se apegando a dados positivos no exterior para buscarem ativos de maior risco. A moeda norte-americana fechou em baixa de 2,01%, para 1,8318 real na venda. Foi a maior desvalorização percentual diária desde 27 de outubro, quando a cotação tombou 2,93%. O fechamento desta terça-feira também levou a moeda norte-americana ao menor valor desde 9 de dezembro, dia em que terminou a 1,8059 real na venda. Às 17h27 (horário de Brasília), o dólar caía 0,72% ante uma cesta de divisas, com o euro em alta de 0,98%. O bom humor do mercado era generalizado, com as bolsas de valores em Nova York subindo em torno de 1,7% e o índice europeu de ações fechando no maior patamar em cinco meses. "O cenário externo hoje pareceu bem distante daqueles piores momentos do final do ano passado", afirmou o diretor de tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer. "E o fato de aqui normalmente termos variações mais expressivas explica em parte essa queda do dólar", acrescentou. O apetite por risco nos mercados foi alimentado por uma série de dados mostrando força em algumas das principais economias mundiais. O setor manufatureiro dos Estados Unidos teve em dezembro a alta mais forte em seis meses, ao mesmo tempo em que os gastos com construção se aproximaram em novembro da máxima em um ano e meio. Além disso, o desemprego na Alemanha atingiu no mês passado seu ponto mais baixo desde a reunificação do país, há duas décadas, enquanto o setor manufatureiro chinês registrou crescimento em dezembro. Para Knauer, a forte queda do dólar nesta sessão também esteve ligada à emissão soberana do Brasil anunciada nesta tarde. Segundo ele, além de alimentar a expectativa de mais ingressos de recursos, as condições da operação, que segundo fontes teve demanda superior à oferta, sugerem solidez na economia brasileira. O governo brasileiro reabriu nesta terça-feira a emissão de bônus soberanos denominados em dólares com vencimento em janeiro de 2021, informou o Tesouro Nacional em comunicado. O valor inicial da emissão externa, segundo uma fonte familiarizada com a operação informou à Reuters, era de em torno de 500 milhões de dólares. A cifra, no entanto, foi elevada a 750 milhões de dólares, segundo o IFR, serviço de informações financeiras da Reuters. Na quarta-feira, o mercado conhecerá os dados sobre o fluxo cambial fechado do ano passado, que até a quarta semana de dezembro era positivo em pouco mais de 65,1 bilhões de dólares no acumulado de 2011. Mantida essa tendência, 2011 deverá ser o segundo melhor ano da série histórica do Banco Central (BC), atrás apenas de 2007, quando houve entradas líquidas de 87,454 bilhões de dólares.

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