Ainda no fim da manhã desta quinta-feira (30), o dólar ultrapassou R$ 4,17, acompanhando o fortalecimento da moeda americana pelo mundo em meio a mais dados econômicos fortes nos Estados Unidos e com a situação cambial na Argentina pesando sobre emergentes. A cautela em relação ao cenário eleitoral brasileiro também persistia entre investidores. No início da tarde, a valorização da moeda norte-americana frente ao real desacelerou para R$ 4,1450 às 15h03.
Com forte instabilidade, as negociações do Tesouro Direito chegaram a ser suspensas às 11h, mas já estavam normalizadas próximo ao meio-dia. No exterior, o dólar avança sobre 23 das 31 principais divisas do mundo.
Pela manhã, o Departamento de Comércio dos EUA informou que os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade do país, subiram 0,4% em julho, indicando forte crescimento econômico no início do terceiro trimestre.
Com a demanda em elevação, os preços deram continuidade à tendência de alta. O núcleo do índice PCE, que inclui os componentes voláteis de alimentos e energia, avançou 0,2% em julho, contra alta de 0,1% em junho.
Isso elevou o aumento na base anual para 2% -meta do Federal Reserve (banco central americano) para a inflação neste ano. Essa é a terceira vez que o indicador atinge a marca.
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O núcleo do PCE é a medida preferida do Fed para a inflação. Sinais de crescimento econômico e pressão inflacionária nos EUA elevam no mercado a expectativa de que a autoridade tenha que fazer um aperto monetário mais rápido.
Para este ano são previstas mais duas altas nos juros dos EUA, em setembro e dezembro. Taxas mais elevadas atraem para a maior economia do mundo fluxo de capital até então alocado em outros países, fortalecendo o dólar e impactando, sobretudo, emergentes.
A situação desses países era agravada pela forte desvalorização do peso argentino, que recuava 13% em relação ao dólar após o presidente Mauricio Macri anunciar, na véspera, que estava pedindo um novo adiantamento ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
Diante da forte depreciação da moeda, o banco central argentino anunciou mais um aumento nas taxas de juros, de 45% para 60%, pouco mais de duas semanas desde a última elevação, em 13 de agosto.
A autoridade monetária explicou, em comunicado, que adotou as medidas “em resposta à conjuntura cambial atual e ante o risco de que implique em um impacto maior sobre a inflação doméstica”.
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O governo Macri já tem um acordo com o FMI que estabelece uma linha de crédito stand by de US$ 50 bilhões, mediante o cumprimento de metas, principalmente a redução do déficit fiscal. A liberação desse dinheiro seria gradual e de acordo com o desempenho do país. Porém, diante a impossibilidade de atingi-las a contento, o governo pediu e obteve o adiantamento.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas no Brasil, recua 1,89%, para 76.892,26 pontos, também em linha com o viés de maior aversão a risco no exterior. Bolsas americanas e europeias operam no vermelho.
“Sem grande ‘ajuda’ do exterior, e ainda com dúvidas sobre as perspectivas políticas por aqui, o viés para os ativos locais, nesta sessão, é mais negativo”, disse a corretora Guide Investimentos em relatório.
Cenário eleitoral continua a pressionar cotação
Internamente, o cenário eleitoral inspirava cautela nos investidores. Analistas avaliavam que o desempenho de Geraldo Alckmin (PSDB), candidato preferido pelo mercado, em entrevista ao Jornal Nacional na noite passada não foi satisfatório.
“Geraldo Alckmin sofreu um bombardeio focado em corrupção nos primeiros 16 minutos de entrevista ao Jornal Nacional – nada bom ser tão vinculado ao tema que mais incomoda os brasileiros”, escreveu a XP Investimentos.
Dois eventos também estão na mira do mercado para esta sexta-feira (31): o início da campanha eleitoral na TV – e a expectativa de que, com 44% do tempo na disputa, Alckmin consiga avançar nas pesquisas –, além da possibilidade de julgamento pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) da participação de Lula (PT) na propaganda de rádio e televisão.
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