O mercado de câmbio doméstico encerrou com o dólar em queda frente ao real nesta sexta-feira, acompanhando o recuo da moeda no exterior e o fortalecimento das principais bolsas de valores.
A sessão, contudo, foi volátil, diante da divulgação de números ruins da economia norte-americana.
A divisa dos Estados Unidos caiu 0,98 por cento, a 1,722 real na venda, oscilando entre alta de 0,29 por cento na máxima e desvalorização de 1,27 por cento na mínima.
"O mercado esteve volátil durante o dia, espelhando a relação euro-dólar e as commodities. Mas, à tarde, as bolsas aceleravam a alta enquanto o dólar cedia lá fora, e isso refletiu aqui", observou o gerente de câmbio do banco Prosper, Jorge Knauer, no Rio de Janeiro.
Pela manhã, um relatório mostrou que a confiança do consumidor dos EUA caiu no início de novembro para o menor patamar em três meses, enquanto um documento à parte informou que o déficit comercial do país inesperadamente aumentou em setembro.
Com isso, houve um aumento da aversão a risco, o que levou os índices de ações em Nova York ao território negativo por um breve momento. Mas notícias positivas de varejistas norte-americanas deram novo fôlego ao mercado, que ampliava o avanço durante a tarde.
Ao mesmo tempo, o dólar recuava ante uma cesta com seis importantes moedas, após chegar a avançar contra o euro, enquanto o índice Reuters-Jefferies de commodities invertia o movimento inicial e mostrava valorização.
Knauer considerou ainda que, por ser o último dia útil da semana, os agentes aproveitam a sexta-feira para ajustar suas carteiras. Uma vez que a sessão foi favorável à valorização do real, eles venderam dólares, reforçando a baixa da moeda.
Bruno Conte de Lima, consultor de gerenciamento da FCStone do Brasil, em Campinas, afirmou que os bancos estiveram entre os agentes que venderam com mais força. "Eles estão tentando reduzir o preço da moeda para diminuir ou mesmo zerar suas posições no mercado futuro, com o objetivo de obter lucro".
De acordo com números da BM&FBovespa, as instituições bancárias sustentavam na véspera 6,6 bilhões de dólares em posições vendidas no mercado de câmbio futuro, refletindo apostas na depreciação da divisa norte-americana.
Para o curto prazo, profissionais do mercado avaliam que a tendência para o dólar ainda é de queda, diante de perspectivas de mais ingressos de recursos ao país, o que pode levar a moeda a testar novas mínimas até o final de 2009.
"Mas os agentes estão cautelosos acerca de possíveis novas medidas que o governo possa instituir numa tentativa de conter a valorização do real", ponderou Lima.
Em outubro, o governo passou a cobrar 2 por cento de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de capital para a bolsa e renda fixa. Nesta semana, o Banco Central determinou a exigência de registro de derivativos de câmbio atrelados a empréstimos captados no exterior.
Embora as autoridades neguem que não há intenção de controlar fluxos de entrada, a medida foi vista de forma cautelosa pelo mercado, uma vez que novas taxas podem tornar os ativos brasileiros menos atrativos.
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