O dólar teve ligeira alta frente ao real nesta quinta-feira, reflexo da menor apreensão de investidores sobre um eventual anúncio de novas medidas no câmbio, após registrar na véspera a maior valorização diária desde janeiro.
A divisa dos Estados Unidos subiu 0,24 por cento, a 1,661 real na venda, desacelerando na comparação com a valorização de 0,73 por cento registrada na quarta-feira.
"Acredito que vai vir algo mais do mesmo. Podem elevar o compulsório, mas outras medidas mais drásticas acho que não", afirmou Julio Hegedus, economista-chefe da Interbolsa do Brasil.
Até o fechamento das operações locais, o governo não havia feito nenhum anúncio sobre a implementação de novas ações para conter a escalada do real ante o dólar.
A expectativa tem se mantido desde a última sexta-feira, quando, após o fechamento dos mercados, uma fonte do Ministério da Fazenda disse à Reuters que as autoridades estavam planejando o anúncio de medidas sobre o câmbio para depois do Carnaval.
"Não vemos as autoridades agindo agressivamente para desvalorizar o real", escreveram os analistas do departamento de câmbio para mercados emergentes do banco francês BNP Paribas.
Para Hegedus, é "difícil" tentar conter a queda da moeda norte-americana diante do juro oferecido pelo Brasil, fator intensificado pela abundância de liquidez no mercado internacional.
"O diferencial de juros é muito grande e estimula mais ingressos de recursos. É fato", acrescentou.
A Selic recentemente foi elevada a 11,75 por cento ao ano, bem acima, por exemplo, da taxa de juros praticada nos Estados Unidos (entre zero e 0,25 por cento) e na zona do euro (1 por cento).
Sobre fluxo, aliás, o Banco Central informou mais cedo que as entradas superaram as saídas em 1,424 bilhão de dólares em março até dia 4, enquanto em fevereiro o superávit ficou em 7,419 bilhões de dólares .
No ano, o saldo positivo é de 24,356 bilhões de dólares, superando por pouco todo o ingresso líquido acumulado no ano passado, de 24,354 bilhões de dólares.
Marcos Trabbold, operador de câmbio da B&T Corretora, lembrou ainda que o cenário externo negativo contribuiu, embora de forma limitada, para a alta do dólar.
"Está tudo ruim hoje. O clima nas bolsas está bem negativo, e isso de certa maneira acaba tendo impacto sobre o dólar."
Ante uma cesta de divisas, a moeda norte-americana avançava 0,7 por cento no final da tarde, ao mesmo tempo em que o índice MSCI de ações globais cedia 1,8 por cento.
O viés negativo decorria de dados ruins na China e nos Estados Unidos, bem como do rebaixamento do rating soberano espanhol pela agência de classificação de risco Moody's.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast