O dólar fechou em alta ante o real nesta segunda-feira (15), com investidores se antecipando à possibilidade de que o Federal Reserve, banco central dos EUA, sinalize nesta semana que os juros norte-americano podem subir mais cedo do que o esperado. A divisa norte-americana se valorizou ante a maioria das moedas mundiais. No Brasil, chegou a ser negociada acima de R$ 2,35 durante a sessão, mas não se sustentou acima deste patamar. Investidores trabalham com a possibilidade de o Banco Central brasileiro aumentar a atuação no mercado de câmbio para conter a volatilidade do dólar, que na sexta-feira fechou com a maior alta em quase 10 meses.
A divisa dos Estados Unidos subiu 0,38%, a R$ 2,3439 na venda, após marcar na semana passada a mais forte valorização semanal em um ano ante o real. Na máxima desta sessão, o dólar chegou a R$ 2,3513 e, na mínima, a R$ 2,3295. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,6 bilhão de dólares. "O dólar voltou a níveis em que, historicamente, o BC já deu sinais de desconforto, então o mercado fica cauteloso", afirmou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Na semana passada, o dólar subiu depois que pesquisas mostraram a presidente Dilma Rousseff (PT) ganhando terreno e empatando tecnicamente com a ex-senadora Marina Silva em um esperado segundo turno das eleições presidenciais. Investidores preferem a vitória de Marina, pois criticam a condução da política econômica do atual governo.
Também pesaram sobre o câmbio expectativas de que o Fed sinalize na quarta-feira que pode elevar os juros mais cedo do que espera o mercado, o que tenderia a atrair à maior economia do mundo capitais atualmente aplicados em outros mercados. "Esta semana pode bem ser uma das semanas mais importantes do ano", escreveram analistas do Brown Brothers Harriman em nota a clientes.
Segundo Galhardo, da Treviso, qualquer surpresa nesses dois âmbitos pode levar o dólar a ultrapassar o patamar de R$ 2,35, que poderia ser inflacionário, a menos que o BC indique insatisfação com esse movimento e intensifique sua atuação no mercado, sobretudo via rolagem de swaps. Na sexta-feira, uma importante fonte da equipe econômica afirmou à Reuters que o BC poderá lançar acelerar a rolagem de swaps cambiais o objetivo de reduzir a volatilidade atual do mercado, mas que os leilões com as rações diárias não mudam neste ano.
Por enquanto, o BC não mudou o leilão para rolagem, vendendo a oferta total de até 6 mil swaps para rolar os contratos que vencem em 1º de outubro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 27% do lote total, equivalente a 6,677 bilhões de dólares.
Se mantiver esse ritmo, o BC terá rolado cerca de 76% do lote que vence em outubro, menos do que os quase 90% de rolagem de swaps que venceram em setembro. "O BC deve esperar quarta-feira para decidir a estratégia. Como há um componente global nessa escalada dessas últimas semanas, um alívio com relação ao Fed pode fazer com que parte dessa pressão desapareça", afirmou o operador de câmbio da Intercam Glauber Romano.
A autoridade monetária também vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que correspondem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram 2 mil contratos para 1º de junho e 2 mil para 2º de setembro de 2015, com volume equivalente a 197,8 milhões de dólares.